Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso
 
 
 
// TESES E DISSERTAÇÕES
TESES DE DOUTORADO // TESES EM 2018
CAROLINA GUERRA LIBÉRIO
Eu Que Não Quero Ter Rosto
Orientador: Maurício Lissovsky
Resumo: A presente tese aborda a figura visual do não rosto como uma imagem que atravessa diferentes meios e eventos na contemporaneidade. A figura do não rosto é apresentada como imagem de nosso tempo, sintoma presente na cultura visual que aponta para um esgarçamento e ofuscação em torno da superfície social do rosto. Para tanto, é empreendida uma discussão sobre o conceito de rosto na filosofia, abarcando as teorias de Deleuze & Guattari (2008), Giorgio Agamben (2000) e Emmanuel Levinas (2002) sobre o tema. O gênero visual do retrato, e o campo histórico da fisionomia servem como pano de fundo para a discussão crítica de obras e imagens que vão desde trabalhos artísticos a curadorias e fotos circuladas em redes sociotécnicas como Facebook e Instagram.
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CAMILA CALADO LIMA
Da Angústia ao Medo: finitude e cuidado de si na cultura contemporânea
Orientador: Paulo Roberto Gibaldi Vaz
Resumo: Pesquisa de cunho histórico reflete, de modo amplo, sobre como se lida com a finitude na contemporaneidade. Identifica-se o anseio pela superação da condição mortal do homem e pelo rompimento das barreiras da temporalidade humana – ápice da técnica; de modo estreito, tem-se a busca pelo adiamento da morte via cuidados preditivos e preventivos. Discute-se a finitude, os jogos entre medo, morte e poder e estuda-se as diferenças históricas do cuidado de si, partindo da moral cristã e, a partir de uma narrativa secular, seguindo para as medicinas moderna e contemporânea, refletindo sobre modos de habitar tempo, conferir sentido ao sofrimento e sobre as mudanças no próprio sujeito. Argumenta-se que a cultura do risco, da medicina de caráter preventivo e preditivo, reverte a angústia com a finitude em medo de advento de uma doença determinada. A partir daí, investiga-se a experiência da doença crônica na cultura contemporânea, ressaltando a convergência entre a experiência de estar sob risco e a experiência da doença e seu caráter de risco. O argumento é desenvolvido a partir da leitura de narrativas midiáticas sobre o câncer, a diabetes e suas categorias pré (pré-diabetes e pré-câncer), com base nas noções de episteme e raridade discursiva de Foucault. Verifica-se o estreitamento dos limites entre normal e patológico, a adoção de um cuidado crônico com a saúde, de práticas de autovigilância no cuidado de si e a realização de intervenções sobre o corpo em condições anteriores ao estado de doença. Evidencia-se a responsabilização do indivíduo pelo advento e pela gestão da doença, o que inclui bem gerir suas emoções no tratamento da enfermidade. Nas narrativas sobre os processos de saúde e doença, nota-se ainda a eclosão do testemunho como narrativa terapêutica, com uma infinidade de textos produzidos por pacientes e familiares em livros e mídias sociais. Observa-se a reivindicação da identidade de sujeito enfermo, na medida em que o diagnóstico autentica o sofrimento individual, o combate ao estigma das doenças e uma política da compaixão. Por fim, propõe-se uma ética da gratuidade, de cunho afirmativo da vida enquanto dor, de apreensão da beleza da transitoriedade e de abertura para liberdade.
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CAMILA VIEIRA DA SILVA
Rastros no Visível: estética do desaparecimento no cinema contemporâneo brasileiro
Orientador: Denilson Lopes Silva
Resumo: Esta tese propõe uma investigação acerca de uma estética do desaparecimento no cinema contemporâneo brasileiro, que pode configurar uma experiência que vai de encontro à tradição do cinema nacional, marcado por efeitos de presença assegurados pela necessidade de representações histórico-sociais e pela busca por uma imagem de país. Novas produções audiovisuais brasileiras realizadas no início do século XXI apontam para a invenção de uma imagem que não é devedora apenas à evidência concreta do visível, mas é também tocada por rastros, perdas, vazios, intermitências, desaparecimentos. É um tipo de cinema que produz uma dialética entre a presença e a ausência, capaz de superar tais dicotomias ao colocá-las em movimento no ato do olhar. Através da descrição e análise de cinco filmes brasileiros, serão pensadas quais figuras cinematográficas tornam possível tal estética por meio dos rastros que elas fazem incidir no visível.
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CINTIA GUEDES BRAGA
Nada (É) Razoável
Orientador: Giuseppe Cocco
Resumo: Este trabalho realiza uma autocartografia na qual, através de uma escrita performativa, a pesquisadora traça um mapa dos processos de subjetivação da mulher negra. Como metodologia, a pesquisa adota a ‘escrevivência’, a acionando memórias, acena às dimensões éticas e estéticas do funcionamento do machismo e do racismo como base do regime onto-epstemológico que forja o sujeito da modernidade. Para isso, lança mão de uma bibliografia multidisciplinar que vai dos estudos descoloniais aos estudos das subjetividades, passando pelas artes e pelo feminismo negro.
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DÉRIKA CORREIA VIRGULINO DE MEDEIROS
Fundação Roberto Marinho: quando a “solidariedade” se transforma em construção de consensos e negócios sociais
Orientadora: Raquel Paiva de Araújo Soares
Resumo: Este trabalho tem como proposta analisar de que maneira alguns dos principais projetos sociais/educacionais (Metodologia Telessala – Telecurso, Projeto Qualifica Educação Profissional, Aprendiz Legal e Canal Futura) da Fundação Roberto Marinho (FRM), braço social do Grupo Globo de Comunicação, tem contribuído para a construção de um modelo de sociabilidade alinhado à perspectiva neoliberal. Para realizar esta pesquisa, foi feito levantamento bibliográfico, de dados, além de entrevistas semi-estruturas com as pessoas diretamente envolvidas naqueles projetos. Com isso, pretendemos compreender quais estratégicas políticas, comunicacionais e pedagógicas a Fundação têm utilizado para se consolidar como um dos mais importantes aparelhos privados de hegemonia na atualidade do país, e em que medida essa lógica tem afetado, sobremaneira, os espaços formativos e de vivência comum da população periférica.
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GABRIELA DALILA BEZERRA RAULINO
Do Lúdico ao Lucro: o trabalho da audiência do Facebook e do Youtube na acumulação do capital
Orientador: Marcos Dantas Loureiro
Resumo: A pesquisa ora apresentada se propõe a interpretar o ciclo de acumulação de capital nas plataformas digitais produtoras de audiência, mais especificamente do Facebook e do YouTube, destacando a contribuição decisiva do trabalho gratuito da audiência. Situados no campo da Economia Política Crítica da Comunicação, tomamos como ponto de partida a teoria marxiana do valor-trabalho, por considerar que o seu fundamento básico permanece vigente no capitalismo informacional, a saber: a fonte de riqueza continua a ser a mais-valia gerada pela exploração do trabalho vivo. Argumentamos, no entanto, que, no caso das plataformas, os mecanismos de apropriação se dão por rendas informacionais – e não pela mercadoria no sentido clássico marxiano. A partir das elaborações teóricas e dos estudos de caso realizados, sustentamos que as plataformas comerciais organizam o processo produtivo que converte o capital social construído por esses usuários (no sentido de Bourdieu) em capital econômico, transformando a atividade lúdica em trabalho produtivo. Nesse contexto, os usuários são atraídos, ao mesmo tempo em consolidam a sociedade do espetáculo (DEBÓRD, 1997) e, não por coincidência, encontram todas as ferramentas necessárias sendo oferecidas “gratuitamente” sob mediação do próprio capital.
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GUILHERME MOREIRA FERNANDES
Mentalidade Censória e Telenovela na Ditadura Militar
Orientadora: Marialva Carlos Barbosa
Resumo: Esta tese apresenta o processo de censura às telenovelas, no período compreendido entre os anos 1968 e 1976. Realiza-se uma análise documental a partir dos documentos preservados no Arquivo Nacional de Brasília. O conceito de “mentalidade” (VOVELLE, 1991) fornece inspiração teórica para a construção da noção de “mentalidade censória”, empregada na análise dos pareceres. A pesquisa também leva em consideração os dispositivos censórios, materializados por meio da legislação. Na sequência, recorre-se aos discursos proferidos, na imprensa, com o objetivo de entender a visão dos dirigentes do processo censório em relação à censura de diversões públicas, onde se insere a telenovela. O trabalho analisa as telenovelas, exibida na faixa das 20h, de forma conjunta e procura mostrar como a mentalidade censória e seus valores de moralidade estavam impressos nos pareceres. Por fim, duas telenovelas em particular são analisadas (“Roque Santeiro”, produzida em 1975, e “Despedida de Casado”, em 1976) com o objetivo de mostrar a singularidade daquelas que foram inicialmente liberadas, produzidas e posteriormente impedidas de serem apresentadas. A principal conclusão do trabalho é que para além dos dispositivos, a mentalidade censória foi reverberada de diferentes formas ao longo dos anos, o que expressa, além da individualidade e subjetividade, a visão dos dirigentes, sedimentando os preceitos de uma visão de mundo baseada em valores do conservadorismo.
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GUILHERME OLIVEIRA CURI
O Mahjar é Aqui: a comunicação contra-hegemônica dos intelectuais árabe-brasileiros
Orientador: Mohammed ElHajji
Resumo: Objetivamos analisar, a partir da ótica das ciências da comunicação, a construção da identidade árabe-brasileira, através da trajetória da comunidade sírio-libanesa no Brasil, suas formas de representação e, principalmente, auto-representação. A atenção especial é voltada para aquilo que chamamos de comunicação intelectual contra-hegemônica desses imigrantes no mahjar, que na língua árabe significa estado de migração, exílio. No entanto, esta definição não é estática pois, à medida que esses imigrantes decidem permanecer no Brasil, a própria concepção de mahjar se modifica, é reinventada, ressignificada. Ao atentarmos para trajetória da literatura árabe e para o Renascimento Árabe moderno - al-Nahda - observamos com surpresa e fascínio que seus momentos mais decisivos na diáspora desdobram-se na América Latina, mais precisamente no Brasil, na primeira metade do século XX. Um dos principais grupos no país que integra esse movimento é a Liga Andaluza de Letras Árabes, composta por escritores e poetas sírio-libaneses, com intensa produção entre as décadas de 1930 e 1950. No entanto, ao aportarem nas novas terras, os árabes depararam-se com um universo cultural no qual já circulavam algumas representações sobre quem eles eram e qual seria o lugar possível na sociedade brasileira, repleto de estereótipos e estigmas que se modificaram ao longo dos anos. Logo, através da mídia impressa e da literatura, esses imigrantes encontraram um meio de desconstruir essas imagens estigmatizadas, de diferentes maneiras, algo que se faz presente até hoje.
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ISABEL COSTA MATTOS DE CASTRO
“Só me Interessa o Que Não é Meu”: um estudo da montagem de materiais de arquivo em dois filmes brasileiros do período da ditadura militar
Orientadores: Anita Matilde Silva Leandro (UFRJ) e Jean-Pierre Bertin-Maghit (Paris 3 – Sorbonne Nouvelle)
Resumo: Esta tese desenvolve um estudo sobre dois filmes de reemprego brasileiros realizados no início dos anos 1970: História do Brasil (Glauber Rocha e Marcos Medeiros, 1974) e Triste Trópico (Arthur Omar, 1974), com o objetivo de avaliar o alcance historiográfico da escolha estética e política do reemprego de imagens já existentes como método de realização. Obras singulares na filmografia de artistas importantes, esses filmes, realizados fundamentalmente a partir da retomada de materiais diversos, compartilham, além de seu raro método de realização, um interesse central pela compreensão da história do Brasil. Trata-se de filmes que exploram radicalmente a potência de re-criação e re-escritura (ou releitura) do que já existe para a construção de uma obra nova, com intenções históricas. Através da montagem de materiais do passado, História do Brasil e Triste Trópico atualizam questões que atravessam não somente o cinema, mas o campo da criação cultural brasileira dos anos 60-70, período marcado politicamente pela vigência da ditadura militar no Brasil (1964-1985). A partir de uma análise estética, o objetivo desta tese é pensar como os filmes elaboram suas narrativas de caráter histórico e constroem, através dos próprios procedimentos da montagem, um olhar sobre a sociedade brasileira do tempo presente de então, o início dos anos 1970. A partir de quais materiais e estratégias discursivas eles elaboram um pensamento sobre o Brasil e a história? Um terceiro filme, posterior, Tudo é Brasil (Rogério Sganzerla, 1998), é pontualmente convocado na primeira parte da tese, a fim de mostrar o quanto determinadas escolhas políticas e estéticas destes filmes de reemprego de 1974 apontam para uma postura geracional, compartilhada por Sganzerla, que se prolonga no tempo.
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JOANA PARANHOS NEGRI FERREIRA
Fotografia como Objeto e Fotografia como Fluxo: (des)materialidade e temporalidade na era digital
Orientador: Antonio Pacca Fatorelli
Resumo: A presente tese trata das relações estabelecidas entre a materialidade da fotografia e o desejo. Concebendo o modo como ambos se interligam e se influenciam, examinamos alguns objetos fotográficos a fim de compreender como a plasticidade da fotografia e seus formatos presenciais performatizam as imagens e as memórias que portam. Partimos da premissa que daguerreótipos, cartes de visite e álbuns de família são expressões materiais de desejos específicos do corpo social. A partir disso, distanciando-nos de análises tecnicistas, discutimos como a desmaterialização do suporte, com o advento do digital, vem alterando o modo como nos relacionamos com a fotografia, tal como seu significado cultural e afetivo. Nosso foco de análise são as imagens compartilhadas nas redes sociais Instagram, Snapchat e Facebook. A fotografia, aqui, aproxima-se menos de tradicionais pressupostos a ela associados, como a nostalgia e a imobilidade temporal, e mais das ideias de presença e fluxo. No lugar de sua relação com um passado que remete à ausência, a fotografia nas redes anuncia uma imagem-presença que conecta subjetividades, atuando como uma prática performativa de comunicação. Nosso objetivo é investigar como o digital, principalmente com a comunicação móvel, está produzindo outro regime de enunciados, distinto daquele que associava a fotografia à noção de permanência, ao impor às imagens uma curta duração no ecrã.
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JOAQUIM WELLEY MARTINS
Sociabilidade e Solidariedade Via WhatsApp nas Gerações Baby Bommers e XY: uma análise das relações interpessoais mediadas tecnologicamente
Orientador: Paulo Gibaldi Vaz
Resumo: Este trabalho faz um estudo analítico sobre a comunicação interpessoal mediada pelo smartphone em grupos de WhatsApp nas gerações Baby Bommers e XY. Busca-se analisar um quadro específico e inerente à realidade histórica atual em que o fenômeno da Internet, dos smartphones e das redes sociais afeta as práticas da sociabilidade e da solidariedade humanas. A metodologia utilizada fundamentou-se no enfoque sistêmico aliado a técnicas de análise multivariada e com um viés etnográfico em três (03) grupos distintos de WhatsApp integrados pelo próprio pesquisador. Foram implementadas duas (02) pesquisas por meio de questionários aplicados via Internet para os integrantes dos grupos analisados. A partir dos dados de campo analisados se buscou verificar os aspectos de sociabilidade e solidariedade mediante a utilização de técnicas estatísticas multivariadas.
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JULIANA LOPES DA SILVA
Um Ciclo de Políticas Culturais e a Centralidade da Produção Cultural das Favelas e Periferias do Rio de Janeiro (2003-2016)
Orientadora: Liv Rebecca Sovik
Resumo: Esta tese investiga o contexto que possibilitou o reconhecimento da produção cultural das favelas e periferias do Rio de Janeiro nas políticas culturais brasileiras entre 2003 e 2016. A análise inicia com um estudo das transformações conceituais e programáticas desse ciclo de políticas culturais. É dada especial atenção ao “Programa Cultura Viva – Pontos de Cultura”, que promoveu diversos projetos culturais e educacionais de organizações não-governamentais (ONGs), com a participação da juventude de origem popular do Rio de Janeiro. Nesta análise pode-se observar uma ampliação da participação política e cultural de atores e agentes das favelas e periferias. Os fatores que explicam esse fenômeno são: o fortalecimento de iniciativas culturais orientadas aos jovens; uma mudança discursiva que afirmou a potência criativa da juventude e dos territórios populares da cidade; e a emergência de novos sujeitos políticos e culturais juvenis que, com autonomia e novas formas de organização cultural, passaram a atuar no espaço urbano da cidade. O recorte empírico destaca aspectos conceituais e a metodologia do “Prêmio Ações Locais – Rio 450”, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Também a sua relação com experiências autônomas de organização cultural juvenil em meio às tensões e conflitos do “Rio Olímpico”, assim como a sua contribuição para a redução das desigualdades e assimetrias no cenário cultural urbano do Rio de Janeiro. O resultado da pesquisa demonstra que, durante o ciclo de políticas culturais abordado neste trabalho, ocorreu um aprofundamento da democracia e da cidadania no Rio de Janeiro, por meio da efetivação da garantia do direito à cultura, em consonância com o projeto democrático aprovado na Constituição Cidadã.
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LAURA BUROCCO
Pólos Criativos de Colonialidade no Sul/ Creative Hubs of Coloniality in the South
Orientador: Giuseppe Cocco
Resumo: A promoção da economia criativa tem sido vista na Europa e nos Estados Unidos como um meio de recuperação econômica em resposta à crise financeira global. No Sul, a promoção desse modelo torna-se não apenas um possível revival econômico, mas também um instrumento de modernização e internacionalização de cidades e atores envolvidos nesse processo de renovação. A partir desse cenário dá-se foco a um estudo comparativo transregional, que coteja a transformação da vocação produtiva (da manufatureira à criativa) de dois territórios centrais do Rio de Janeiro e Johannesburg: o Distrito Criativo, no Rio, e o Maboneng Precinct, em Johannesburg. A observação concentra-se nos efeitos da mobilização econômica destes dois territórios, e suas implicações com as transformações em corso de duas sociedades pós-coloniais, ainda violentamente marcadas por uma profunda desigualdade econômico social e racial. Observa-se a inserção daquela que Florida chama de nova classe criativa dentro de países como Brasil e África do Sul que aterrissam no capitalismo cognitivo sem ter tido o tempo para desenvolver um capitalismo industrial próprio. O avento da economia criativa é analisado dentro de um contexto de relações produtivas locais e globais próprias do pós-fordismo. Se por um lado, a gentrificação é uma nova forma de uma velha prática de valorização imobiliária, observa-se como o agir desses novos sujeitos econômicos, que vem ocupando os dois territórios, contribui na criação de enclaves urbanos de consumo homogêneo tendo como resultado: localmente a pacificação, despolitização, e submissão do território; globalmente a criação de uma rede que alimenta fluxos de informações, transações financeiras, e disparidade econômica relacionando a criatividade à economia e, por sua vez, à governança. Questiona-se, se esses criativos, além de serem um elemento de gentrificação, tem a capacidade de se tornar uma potência coletiva constitutiva, capaz de criar uma resposta bio-politica (Negri, Hardt) contra a condição de bio-poder exercida pela sociedade, pelo estado, e essencialmente pelo capitalismo cognitivo (Negri, Hardt; Vercellone; Fumagalli). O estudo é baseado num método de análise indutivoqualitativo, articulado por meio de uma série de métodos complementares aplicados nas duas cidades. A metodologia assume como compromisso contribuir para uma literatura oriunda do Sul sobre gentrificação e economia criativa, a fim de buscar uma abordagem que resgate as razões únicas que explicam a manifestação de tal fenômeno no contexto de duas cidades pós-coloniais. Nesse sentido a comparação é levada mais pelas diferencias e unicidades das historias que levam a definição das duas sociedades aonde os casos de estudo se colocam, e uma revisao das teorias sobre gentrificaçao e economia criativa. Nosso objetivo é tentar contribuir desta forma às praticas de descolonização do conhecimento. Também nos propomos a ver o fenômeno da gentrificação, nesses dois territórios, como a manifestação do que Mignolo definde como “lado(s) obscuro(s) da modernidade” na pós-modernidade, como a permanência de lógicas coloniais. Lógicas que, para ser superadas, exigem por em questão a própria “dependência” e as formas de colonialismo interno que, de forma diferente, definem a identidade das duas sociedades estudadas. Se é inegável que, até certo ponto, o Distrito Criativo do Rio de Janeiro e o Maboneng em Joanesburgo contribuem para a inserção de Joanesburgo e do Rio de Janeiro no circuito econômico global criativo, é necessário levantar uma preocupação pública sobre as relações de poder praticadas neste espaço. tanto em termos simbólicos quanto em termos de agravamento de uma desigualdade econômica já existente.
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LEONARDO SCHABBACH OLIVEIRA
Mídia, Narrativas e Produção de Realidade: um estudo do marketing da Disney
Orientador: Marcio Tavares D’Amaral
Resumo: Num mundo pós-moderno, em que o indivíduo olha para a realidade de uma forma diferente, de uma forma individualizada, deparamo-nos com uma contradição, uma contradição de múltiplas narrativas e de múltiplas realidades difícil de ser solucionada. No entanto, neste estudo, apresenta-se o binômio visibilidade e interação como um conceito eficaz e aplicável de se solucionar essa contradição e compreender como os processos comunicacionais podem transformar a realidade dos indivíduos, a realidade social e também a cultura. Todavia, para se entender o funcionamento de tal binômio e, ao mesmo tempo, para se comprovar a sua eficácia, será necessário se fazer um extenso estudo do marketing da Disney, especialmente após ela iniciar um projeto de adaptar todos os seus clássicos filmes de animação para o formato live-action, dando uma indicação de que utiliza o binômio visibilidade e interação para construir uma realidade em que, para o indivíduo, seja natural consumir os seus produtos.
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MARIA LÍVIA DE SÁ RORIZ AGUIAR
Cidade Jongueira: Rio de Janeiro e os territórios do Jongo
Orientador: Micael Herschmann
Resumo: A tese analisa, sob uma perspectiva sociocomunicacional, um conjunto de questões do jongo como prática comunicacional, privilegiando a abordagem qualitativa e tomando como base metodológica as observações de campo, a análise documental e a realização de entrevistas (história oral). Como centro reflexivo da análise, problematizamos de que forma questões de gênero emergem como “performatividade” (BUTLER, 2016) nessas rodas na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O objetivo, além de mapear o circuito musical jongueiro da cidade, é mostrar as diversas dimensões da comunicação envolvidas nas performances jongueiras. Nas narrativas que produzem de si, os jongueiros constroem, pelas brechas da memória, diversos vínculos com o jongo, nos quais a questão da herança se constitui como elemento nodal para a afirmação de cada um deles no universo jongueiro. Na nossa hipótese, as “territorialidades sônico-musicais” (HERSCHMANN; FERNANDES, 2014) construídas permitem que as mulheres experimentem uma condição de maior protagonismo na cena musical. As rodas jongueiras são também percebidas como lugar de expansão e transmissão de uma liturgia imemorial da africanidade. Sendo assim, o protagonismo feminino que produzem é também marcado por assegurar a continuidade dos valores sagrados.
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MATHEUS ARAUJO DOS SANTOS
Errâncias Sexuais: imaginários urbanos e potências de excitação
Orientadora: Beatriz Jaguaribe de Mattos
Resumo: Nesta tese me aproximo da errância sexual a partir de suas modulações decorrentes das tecnologias da comunicação e da imagem. Através de distintos registros e regimes de visualidade procuro perceber como narrativas heterogêneas emergem a partir deste tipo de experiência urbana. No primeiro capítulo apresento o conceito de errância sexual e discuto as possibilidades de alteridade na cidade a partir da análise de obras cinematográficas. No segundo capítulo estabeleço relações entre arquitetura, poder e imagem a partir de registros policiais e de reportagens jornalísticas que apontam para estratégias de transformação da errância sexual em ameaça de desintegração social. No último capítulo localizo as imagens amadoras do sexo em público no contexto do capitalismo contemporâneo, cuja força de produção é extraída dos circuitos de estímulo-frustação-estímulo.
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RENATA FRANCO SAAVEDRA
Redes, Rodas e Palcos das Mulheres: produção cultural, arte urbana e feminismos no Rio de Janeiro
Orientadora: Janice Caiafa
Resumo: Esta tese se debruça sobre coletivos de jovens artistas e produtoras culturais cujos trabalhos divulgam ideias feministas e antissexistas – grupos que têm se multiplicado nos últimos anos em todo o Brasil. O objetivo é mapear alguns desses coletivos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e entender algumas disputas nesse cenário e o papel político dessas agentes no movimento feminista junto às jovens. A pesquisa foi feita através de entrevistas com militantes que atuam na região e observação participante em encontros e eventos realizados por essas artistas e produtoras: ações como festivais, sessões de cineclube, shows, oficinas de grafite e outras intervenções urbanas, rodas de conversa e afins. Dessa forma, exploro a interseção entre produção cultural e artes urbanas e militância feminista, e o espaço de tais expressões culturais e artísticas como estratégias comunicativas dentro do amplo universo dos feminismos contemporâneos.
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RICARDO NASCIMENTO DE MORAES
A Dramaticidade do Fato: uma abordagem tipológica sobre o drama midiático como construção simbólico-discursiva
Orientador: Muniz Sodré de Araújo Cabral
Resumo: Em tempos tecnológicos avançados, atômicos e atinentes as supostas necessidades individuais do sujeito virtual, encontramos a expectativa de sermos atendidos plenamente e diariamente pelo nosso maior veículo informacional midiático: a televisão. Ou seja, a lente que tudo mostra, que tudo molda, que tudo formula através de um grande drama cotidiano midiático. Este, que perpassa pela formação do sujeito social atuando diretamente num vazio conteudístico contrariando a ética da responsabilidade informacional. Busca-se trazer à tona com esta pesquisa a metamorfose imperceptível do indivíduo em um sujeito social entorpecido, absorvido, pelas telas midiáticas contemporâneas. Tal abordagem será apresentada neste estudo através de uma tipologia dimensional crítica das dramaticidades simbólico-discursivas, como, por exemplo, no jogo e no lúdico – do torneio à competição, como o futebol -, na cidade-palco - nos noticiários -, ficções e realidades das telenovelas e do cinema, nos discursos da comunicação - produção da verdade pelos discursos midiáticos de culpa, vergonha, confissão e testemunho –, além da mídia em geral e o movimento de imigração, dentre outros cenários afluentes dessa metamorfose intelectual submissa do indivíduo, alheia à vontade da sensibilidade humana. Para iniciar o estudo abordaremos o jogo e a cultura de outrora como um princípio assaz relevante para o atual panorama das relações sociais. Portanto, propõe-se aqui uma abordagem tipológica, não didática, mas, entremeada e conectada pelos cenários propostos neste estudo.
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VITOR MONTEIRO DE CASTRO
Produzindo consenso: a disputa por hegemonia na produção de sentido sobre a favela e seus moradores
Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: O propósito deste estudo é demonstrar como o discurso hegemônico em relação às favelas naturaliza e até mesmo justifica a violência sofrida pelos moradores desses locais. Para isso apresentamos um breve histórico de como as favelas e seus oradores foram e são representados até os dias atuais pela imprensa, traçando um panorama da relação da mídia com esses espaços. Nossa hipótese parte da ideia de que essa construção de estereótipos, estigmas e preconceitos foi responsável pelo que estamos chamando de desumanização ou reificação desses moradores, que são considerados cidadãos de segunda classe, passíveis de serem mortos sem que isso cause alguma comoção social. Descrevemos dois tipos de violência segundo os parâmetros midiáticos: uma aceitável e outra inaceitável. Para isso trabalhamos com o conceito de hegemonia, a partir das contribuições de Gramsci, que se articula como liderança moral e intelectual de um grupo sobre o conjunto da sociedade. Os meios de comunicação são aparelhos de hegemonia que colaboram ativamente para a construção da visão de mundo dos indivíduos, garantindo o consenso necessário à manutenção das estruturas sociais. Essa legitimação se dá a partir da construção de hegemonia, com a mídia ocupando esse papel de intelectual orgânico das classes e blocos de poder dominantes. Na tentativa de humanizar essas vítimas esquecidas pela mídia, procuramos mostrar como é possível escutar e visibilizar a voz desses moradores a ponto de também sensibilizar o leitor com suas histórias de vida – e não apenas de vítimas merecedoras de destaque segundo os padrões midiáticos.
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DANIELA DOS PASSOS MIRANDA NAME
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ERICK MENDONÇA DAU
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Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso - Histórico
REVISTA ECO-PÓS
v. 26 n. 02 (2023)
Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade
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