Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso
 
 
 
// TESES E DISSERTAÇÕES
TESES DE DOUTORADO // TESES EM 2019
ANA CLAUDIA LOURENÇO FERREIRA LOPES
Moda, Tempo e Modernidade no Correio da Manhã nos Anos 1920
Orientadora: Marialva Carlos Barbosa
Resumo: Esta tese analisa as interrelações entre moda e jornalismo, ambos regidos pelo tempo e a modernidade dos anos 1920 no Rio de Janeiro. Isso é feito através da pesquisa empírica nas edições do jornal Correio da Manhã na década em questão. A partir desta análise documental, os assuntos femininos, onde insere-se a moda, o jornalismo, os mecanismos temporais dessas indústrias e a modernidade são caracterizados pelas suas próprias representações nas páginas do matutino, através das suas narrativas enquanto textualidades escritas e imagéticas, aliado a um referencial teórico sobre modernidade, moda e tempo. Como o Correio da Manhã se posicionava frente a modernidade dos anos 1920? Como a inserção da moda no jornal servia ao propósito de ele se mostrar moderno? Para qual tipo de mulher a seção feminina do jornal se direcionava? Estas são algumas perguntas que o trabalho procura responder. Parte-se do pressuposto que o jornal, enquanto discurso e estética, é uma espécie de lugar de síntese do que se considerava pertinente ao universo feminino nos anos 1920 e das dimensões temporais presentes na moda e na modernidade. Percorre-se este caminho através da articulação de três temporalidades: do tempo na modernidade, do tempo na moda e do tempo relacionado às suas próprias rotinas produtivas e narrativas do jornalismo. Dessa forma, esta tese utiliza um eixo inédito para trabalhar a relação do jornalismo com o tempo, que é a moda, além de apresentar recorte temporal e enfoque pouco explorados – o Correio da Manhã nos anos 1920 e a moda em jornal.
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BRUNA MARIANO RODRIGUES
Testemunhos Femininos de Assédio e Violência Sexual nas Redes Sociais: trauma e dor como chaves para produção subjetiva e enunciação de si
Orientador: Paulo Roberto Gibaldi Vaz
Resumo: Este trabalho propõe uma reflexão acerca de seis campanhas de mulheres vítimas de assédio e violência sexual que se propagaram nas redes sociais virtuais entre os anos de 2013 e 2017: Chega de Fiu Fiu (2013), Primeiro Assédio (2015), First Harassed (2015), Stop Harcèlement de Rue (2017), Me Too (2017) e Balance ton Porc (2017). Nosso objetivo foi investigar as condições de emergência de tais campanhas e os processos de atualização do feminino e da feminilidade que elas propõem. Buscamos compreender ainda como esses relatos testemunhais apontam para o surgimento de uma nova moralidade sexual, fortemente marcada pelo princípio do não-dano e pela noção de consentimento. Em termos metodológicos, trabalhamos com a perspectiva foucaultiana da genealogia, isto é, buscamos compreender as condições que tornaram possível a existência das campanhas de mulheres vítimas e também sua comunicabilidade, algo impensável há algumas décadas. Tendo em vista essas questões, investigamos as estratégias discursivas, os argumentos morais e a linguagem emocional utilizados pelas mulheres que contam publicamente suas experiências de dor e sofrimento. Após analisar campanhas de três países distintos (Brasil, Estados Unidos e França), podemos notar que existe um novo modo de fazer política que não está restrito ao cenário nacional. Os resultados também apontam para a produção de uma subjetividade feminina empoderada, que dialoga com a apropriação do lugar da vítima. Nos relatos, podemos identificar mulheres que se apresentam como sujeitos que superaram o sofrimento e se uniram, formando comunidades emocionais de apoio e solidariedade. Contudo, há aspectos controversos nas campanhas analisadas. Por se basearem na autoridade da experiência, há pouca abertura ao diálogo e ao debate com aqueles que não compartilham a identidade da vítima.
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BRUNA WERNECK DE ANDRADE BAKKER
Estresse na Mídia: a construção discursiva de um mal-estar contemporâneo
Orientador: João Freire Filho
Resumo: Definido como uma "epidemia global" pela Organização Mundial de Saúde, o estresse figura atualmente como um dos principais transtornos no século XXI. No âmbito midiático, tornou-se uma expressão versátil, que aparece tanto como fator de risco à saúde e à qualidade de vida, quanto como um adjetivo capaz de nomear estados de ânimo, situações e eventos cotidianos. Nesta tese, investigo os discursos sobre estresse na revista Veja, de 1968 a 2018, com o objetivo de compreender de que formas o conceito passou a ser articulado como um mal-estar contemporâneo. Para isso, realizo uma análise discursiva de inspiração foucaultiana, na qual considero os discursos midiáticos como práticas que constroem os objetos de que falam e que são capazes de influenciar na formação, consolidação e legitimação de valores na sociedade. A pesquisa tem caráter qualitativo e a seleção do corpus foi feita no acervo digital de Veja, considerando reportagens, propagandas, entrevistas, editoriais e imagens de capa que apresentassem a palavra estresse (ou suas variações stress, estressado, estressada, estressante). O aporte teórico utilizado articula as noções de risco e de qualidade de vida aos conceitos de biopolítica e de governamentalidade neoliberal, presentes na obra de Foucault. As análises deste trabalho estão organizadas em três eixos. O primeiro abrange as matérias publicadas de 1968 à década de 1990, período em que o conceito prevaleceu como um fator de risco à saúde relacionado, sobretudo, a doenças cardiovasculares e ao público masculino; em um segundo momento, avalio as edições dos anos 2000 em diante, quando o termo adquire maior abrangência e, amiúde, emerge como um risco à qualidade de vida, representando um obstáculo não só para o bemestar físico e mental, mas também para o êxito profissional e pessoal; por último, examino as reportagens de capa sobre o assunto e as maneiras pelas quais o estresse é conceituado como uma ?experiência de limite?, tanto fisiológica quanto psicológica. Concluo que esses enunciados posicionam o estresse como uma medida individual do limite físico e emocional que cada um é capaz de suportar, fomentando a resiliência como um valor e atribuindo aos sujeitos a responsabilidade de reduzir os efeitos do estresse sobre seus corpos. Como algo passível de ser administrado e controlado, o estresse torna-se uma poderosa ferramenta discursiva de integração dos sujeitos ao status quo, naturalizando as fontes de tensão que os atormentam sem, contudo, problematizá-las.
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DANIEL WESTRUPP
A Mídia Comercial como Propulsora das Políticas Privatistas da Educação
Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: O processo de privatização do Ensino Superior no Brasil é pauta constante nos principais veículos de mídia de massa do país. Propõe-se observar o posicionamento que os principais veículos de mídia de massa impressa do país assumem sobre o tema e busca-se evidenciar de que forma essa mídia atua como incentivadora do Ensino Privado e das Políticas Públicas Privatistas da Educação. Por meio da análise de artigos e reportagens expõe-se como as informações são manipuladas para atingir a consciência coletiva em prol dos interesses de cada um dos sujeitos envolvidos. Como resultado obtido foi possível evidenciar a participação de grupos de interesses econômicos nas políticas públicas privatistas para a Educação no país.
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FELIPE RODRIGUES SISTON
Pesquisador Errante: comunicação ao des-envolvimento
Orientador: Márcio Tavares d’Amaral
Resumo: A tese realiza ensaio filosófico sobre a prática de Comunicação ao Des-envolvimento do pesquisador errante. Prática não sistemática de ação investigativa proposta como modalidade às pesquisas em Comunicação Social, com objetivos que mesclam a produção de conhecimento e o cuidado de si e do meio excursionado. O acaso e os desvios de percurso são positivados, multiplicando objetos, sujeitos e territórios de pesquisa, incluindo as condições cognitivas encarnadas na saúde mental do pesquisador-autor. A partir de uma experiência da loucura se ensaia com ela filosofia, sem sistematizar método, de posicionamento do pesquisador errante no espectro da verdade, a de desvelamento conceitualizada por Heidegger. Após revisar o debate sobre comunicação, desenvolvimento e interdisciplinaridade, introduz uma noção intra-inter disciplinar para o conceito de desenvolvimento, melhor redescrito como sendo des-envolvimento. Avanço não linear. Tensão entre avizinhamento e distanciamento. Ideia fundamentada no percurso vivido nos quatro anos de doutoramento, sintetizados em sub pesquisas relacionais à experiência errante por Oxford, Praga, Niterói e Zagreb. A vivência errante propõe duas noções fundamentais, a filosófica e a antropológica, além de uma operacionalização nomeada de tese & ação.
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IGOR WALTZ RANGEL MESSIAS PINHEIRO
Startups Jornalísticas: inovações e continuidades no jornalismo brasileiro
Orientadora: Beatriz Becker
Resumo: A tese investiga a crescente inserção do conceito de inovação na prática jornalística, refletindo sobre o fenômeno das startups, organizações de pequeno porte voltadas à geração de produtos e serviços inovadores. No jornalismo, correspondem a um rearranjo das estruturas de produção e das formas de trabalho, caracterizadas por rompimentos, mas também por continuidades. Assume-se como hipótese que as startups são um espaço de maior liberdade para experimentação de novas práticas. Na busca por estabelecer novos vínculos com as audiências, mantêm e atualizam a legitimidade do jornalismo como mediador privilegiado na construção dos relatos sobre os acontecimentos sociais. Se por um lado, o empreendedorismo emergente visa atender anseios por inovação, autonomia editorial e independência econômica, por outro, também colabora para a reprodução de modos de tratar a informação ancorados em estatutos e retóricas do jornalismo que não são revistos ou questionados pelos profissionais. A partir de uma ampla revisão teórica de estudos sobre inovação nas áreas da Comunicação e da Economia e no campo do jornalismo, sistematizamos quatro categorias aplicadas na investigação das startups brasileiras: inovação em produto, inovação em processos e organização produtiva, inovação em estratégias comerciais e modelo de financiamento e inovação social. Aplicamos essas categorias em duas etapas distintas e complementares desta pesquisa. Na primeira fase, associamos a categoria inovação em produto aos estudos de Enquadramento (Framing Analysis) para uma análise comparativa das coberturas jornalísticas sobre a votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff realizada por dois veículos nativos dos meios digitais: o portal G1, do Grupo Globo, reconhecido como o portal noticioso da maior organização de mídia do país, e o Nexo Jornal, que em sua proposta afirma expressar abordagens inovadoras dos fatos. Nesse estudo comparativo, identificamos aproximações e semelhanças entre os modos de construção de conteúdos noticiosos e atribuição de sentidos aos acontecimentos. No segundo momento de nossa pesquisa aplicamos as outras três categorias na análise de entrevistas semiestruturadas com jornalistas que atuam em dez startups brasileiras: Nexo Jornal, Agência Lupa, Agência Pública, Amazônia Legal, Farol Jornalismo, JOTA, Outra Cidade, Por dentro da África, Projeto Colabora e Projeto Draft, com o intuito de compreender os modos como promovem inovações em sua estrutura produtiva e organizacional, em seus modelos de financiamento e em seus relacionamentos com os públicos. Identificamos que os jornalistas se empenham no desenvolvimento de modelos de financiamento sustentáveis, para especializarem-se em segmentos de mercado e modos processuais e produzir enquadramentos alternativos àqueles dos meios hegemônicos. De tal modo, esta pesquisa procura contribuir para uma melhor compreensão das reconfigurações do jornalismo contemporâneo, focalizando o fenômeno das startups jornalísticas.
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GILBERTO MAZZETTI JÚNIOR
O Presente Contém Todo o Passado: o protagonismo midiático da Globo no processo político - 1964/2016
Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: A tese tem como objetivo geral identificar o discurso jornalístico do jornal O Globo como instrumento de hegemonia, por meio dos seus editoriais, os quais foram analisados em dois momentos: inicialmente, no período histórico do golpe militar de 1964, caracterizado pela ditadura militar brasileira; e no segundo momento, em vias de comparação, no golpe de 2016, no processo de impeachment da presidente da república Dilma Rousseff, tendo como referencial teórico gramsciano das relações entre hegemonia e contra-hegemonia de relevância político-cultural no processo midiático massivo. Com o propósito de satisfazer essa temática, discorre-se sobre o significado das Organizações Globo na história política do país; identificam-se as estratégias comunicacionais de interação entre as Organizações Globo e a população brasileira, integrando as práticas discursivas e a sua produção de conteúdo, sob o viés de um sistema de significação e de valores gerados pela cultura das instituições de uma sociedade civil dominante, com seus interesses, anseios e expectativas; analisou-se a relação existente entre comunicação e política inserida nos discursos jornalísticos das Organizações Globo em 1964 e em 2016, por meio dos editoriais do jornal O Globo; e assim evidencia-se que há uma continuidade (o presente contém todo o passado), por meio das comparações que atravessam os momentos históricos escolhidos. Quanto ao corpus da pesquisa, fazem parte os editoriais do jornal O Globo, narrativas de 30 editoriais antes e 30 editoriais depois do golpe de 1964 e, de igual forma, narrativas de 30 editoriais antes e 30 editoriais depois do chamado processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016, nas categorias analisadas: lei – ordem, progresso, espírito de patriotismo, o verde-amarelismo e o anticomunismo, representados pelo antilulismo (antivermelhos) e corrupção. Conclui-se que no golpe de 2016 praticou-se uma continuidade, uma reatualização do golpe de 1964, por meio do protagonismo midiático dos editoriais do jornal O Globo, nesses períodos da história brasileira, com significativa relevância político-cultural, alinhados com a sociedade civil dominante, em seu discurso jornalístico hegemônico. Portanto, hoje, como no passado, para Gramsci a construção da hegemonia está cada vez mais alicerçada em disputas ideológicas e culturais que influenciam e condicionam o imaginário social, como a opinião pública, por meio dos sentidos de compreensão da realidade e até nas decisões políticas.
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LUCAS DE CASTRO MURARI
Estéticas do Não Humano: natureza e cinema experimental
Orientador: Denilson Lopes Silva
Resumo: Uma das formas de constituição do pensamento moderno foi por meio da elaboração de binarismos. É o caso de Natureza e Cultura, Humano e Não Humano, Racional e Irracional. O estabelecimento desse tipo de dualismo efetuado pelas Ciências tem se tornado um procedimento comum para auxiliar suas definições. São aproximações empregadas para justificar a diversidade dos tipos analisados, contudo reiterando sua pretensão universal. A via problemática requerida por esse modo de binarismo é o privilégio da dimensão humana, ou a hegemonia do sujeito frente ao objeto. O pensamento contemporâneo tem questionado esses procedimentos, visto que são construções intelectuais como quaisquer outras. A crise ambiental e a consciência ecológica têm dinamizado tais desconstruções. Nesse sentido, a subjetividade humana tem sido problematizada mais do que nunca. As manifestações artísticas e seus respectivos trabalhos estéticos são maneiras de expressar a pluralidade ontológica para além do humano. É o caso de artistas e cineastas que vêm buscando criar formas para demonstrar a potência de outras sensibilidades acerca do mundo. Esta tese tem como objetivo analisar aquilo que chamamos de “cinema da natureza”. Para isso, foram compostas constelações de filmes em que o sujeito humano é ausente ou secundário em relação ao ambiente natural, ou coadjuvante em interação ao universo animal. É um corpus heterogêneo, com ênfase em obras de caráter experimentais. A invenção de linguagens e estéticas é uma das marcas dessa filmografia. O conceito de natureza foi requerido em
abordagens múltiplas, demonstrando assim sua complexidade e aproximação frente o conceito de cultura.
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RODRIGO SOMBRA SALES CAMPOS
O Cinema de John Akomfrah: passagens entre a diáspora e o arquivo
Orientador: Mauricio Lissovsky
Resumo: A tese abarca a relação entre a figura do arquivo e a diáspora africana na obra do realizador britânico John Akomfrah. Conhecida pelo uso ostensivo de materiais preexistentes, por reempregar incessantemente imagens e textos alheios, o cinema de Akomfrah observa o fenômeno da diáspora num arco temporal amplo, percorrendo desde a iconografia colonial do século XIX à literatura de ficção científica de inspiração afrofuturista. Enquanto atenta à longa duração das narrativas da diáspora tal como solicitado pela obra do artista, o cerne desta análise centra-se, contudo, nos itinerários entre África, Antilhas e Reino Unido que marcam a migração massiva de negros caribenhos à Inglaterra, cuja memórias, e suas correspondentes lacunas no arquivo visual, são revisitadas por Akomfrah nos filmes As Canções de Handsworth (1986) e As Nove Musas (2010). Textos de Édouard Glissant, Stuart Hall, Wilson Harris e Derek Walcott perpassam toda a tese. A obra deste conjunto de intelectuais antilhanos permitiu compreender as consequências da histórica escassez de objetos mnemônicos (imagens, textos, monumentos públicos, etc.) ligados às culturas diaspóricas. Produto das estruturas expropriadoras do colonialismo, essa “ausência de ruínas”, como dito no verso de Walcott, constitui o problema medular desta pesquisa, sendo ele desdobrado continuamente no cotejo com os filmes e ideias de John Akomfrah. No curso desta tese, interroga-se o vínculo pendular - a meio caminho entre as afinidades eletivas e a aberta confrontação - nutrido por Akomfrah com os sistemas de representação ocidentais. Amparado sobretudo nas leituras Foucault e Derrida, a noção de arquivo é posta em diálogo também com seus desdobramentos mais recentes no campo dos estudos fílmicos, em particular à luz das práticas ensaísticas no cinema. Tomada de empréstimo da literatura, a figura do ensaio norteia o olhar sobre as criações do diretor britânico, sublinhando os meios pelos quais a montagem cinematográfica, entendida a um só tempo como princípio estético e forma de conhecimento, articula as relações entre as imagens, e entre estas e as palavras, de modo a exprimir uma forma pensante. O entendimento dos conceitos de montagem, história e imagem fotográfica foi enriquecido pelo legado de Walter Benjamin, ao qual recorro para esboçar um modelo de historiografia imagética a partir do cinema de Akomfrah. Na parte final, ainda à luz do pensador alemão, abordo a produção teórica do cineasta, em particular suas proposições em torno do lugar das práticas fílmicas negras na história das mídias digirais, formuladas no artigo “Digitopia e os espectros da diáspora”.
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SILVIO SIMÃO DE MATOS
Subjetivação e Ativismo nos canais DePretas e Louie Ponto: identificação, engajamento e pertencimento
Orientador: Micael Maiolino Herschmann
Resumo: A tese tem como objeto de estudo canais vinculados ao site www.youtube.com. As redes sociais da internet e suas plataformas impactam, atualmente, o mundo em que vivemos, transformando o que era privado em público, em uma necessidade de se expor com frequência (SIBILIA, 2016). Nesse sentido, a presente pesquisa tem por objetivo investigar, por meio de entrevistas, dos vídeos e dos comentários dos seguidores postados nos canais vinculados ao site www.youtube.com, se existem e como ocorrem as subjetividades juvenis nos canais de youtubers. Para poder coletar as informações para comprovar as hipóteses de pesquisa, utilizou-se de uma perspectiva de etnografia na web, conforme Fragoso, Recuero e Amaral (2011), para investigar vídeos e comentários dos seguidores, bem como de entrevistas com as youtubers e grupos de foco com seguidores, relacionados às questões étnico-raciais e de gênero, que percorrem os canais DePretas, de Gabi Oliveira, e Louie Ponto. As construções teóricas do trabalho percorrem a web como espaço para subjetivação do jovem e consequente construção de comunidades virtuais, que nos levam a compartilhar e nos manifestar; os youtubers como atores que, por meio de suas histórias, atuam sobre os jovens; bem como as construções que fazem dos canais DePretas e Louie Ponto instrumentos para narrativas voltadas à manifestação social e ocupação de um espaço importante perante os jovens que procuram se encontrar e se entender. No decorrer do processo de campo foi possível estabelecer relações de investigação que permitiram observações importantes e que contribuíram para verificar as hipóteses do trabalho. Por intermédio de um diagrama baseado em um rizoma, mostra-se uma conexão entre os seguintes fatores: identificação, práticas discursivas e os sentidos juvenis, representações dos jovens, relações de poder, relações de intimidade, autenticidade e geração de fãs, construção de celebridade, processos educativos do jovem, performance, engajamento, interação e, por último, youtuber como ativista social. Sendo assim, conclui-se que as youtubers Gabi Oliveira e Louie Ponto têm atuações de ativistas sociais na web, fazendo com que o jovem se descubra, se veja, se perceba, aprenda sobre si na companhia de youtubers. E isso leva a um percurso marcado por identificação, pertencimento e engajamento perante os canais com o perfil dos estudados aqui.
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SIRLEI DE SOUZA
Narrativas Imigrantes: tramas comunicacionais e tensões da imigração haitiana em Joinville/SC (2010-2016)
Orientadora: Marialva Carlos Barbosa
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivos analisar as narrativas de e sobre os imigrantes haitianos, os processos migratórios internacionais e seus impactos locais, especialmente os deslocamentos e a presença de haitianos em Joinville (SC) entre os anos de 2010 e 2016, e contribuir para a problematização (de cunho interdisciplinar) das tensões e disputas que se desenrolam na e pela imigração emergentes das narrativas jornalísticas produzidas pela imprensa local, das narrativas advindas das entrevistas orais realizadas com os imigrantes haitianos e das atuais condições e vivências na cidade. Do ponto de vista metodológico, procurou-se entender as construções narrativas da imprensa local no tocante aos imigrantes haitianos, bem como seu papel na construção/reprodução de imaginários acerca dos imigrantes. Em relação às narrativas produzidas pelas entrevistas orais, privilegiou-se o olhar interpretativo sobre as falas dos imigrantes, narrativas memoráveis construídas na interseção entre vida e memória. Refletir sobre a imigração como ato narrativo (como um ato comunicacional e histórico) é pensá-la na complexidade do que a atravessa, na trama que a constitui, nas tensões presentes e nas possibilidades que envolvem a trajetória do sujeito imigrante. Nesse sentido, as narrativas construídas pelo ou sobre o imigrante configuram-se como atos comunicacionais permeados por tempos e espaços, ora conexos, ora desconexos, que contribuem para entender os trajetos percorridos até a chegada em seu local de destino, os significados que atribuem à sua condição migrante, suas vivências no espaço urbano e as estratégias articuladas para enfrentar as recusas e para criar vínculos de pertencimento com o novo território. No decorrer da pesquisa, evidenciou-se que os imigrantes haitianos em Joinville se configuram como um grupo heterogêneo, singular em sua forma de expressão e de vivência da experiência migrante, produtores de sentidos e articuladores da interculturalidade, ajudando a pensar a condição humana contemporânea.
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TATIANE CRUZ LEAL COSTA
A Invenção da Sororidade: sentimentos morais, feminismo e mídia
Orientador: João Freire Filho
Resumo: Esta tese investiga o conceito de sororidade em discursos feministas contemporâneos. Do latim soror (irmã), a palavra designa uma espécie de solidariedade específica entre mulheres e tem se popularizado em diversos âmbitos midiáticos, especialmente na internet, um espaço primordial para a expansão do feminismo hoje. Delineia-se uma relação entre esse conceito e questões morais – a sororidade teria o potencial de mostrar às mulheres a maneira correta de agir umas com as outras. A partir da hipótese de que a sororidade fundamenta uma ética feminista contemporânea, essa tese faz uma investigação genealógica da emergência desse sentimento, com base em um arcabouço teórico e metodológico advindo, principalmente, da Comunicação, da Filosofia e da Teoria Feminista. O objetivo geral é analisar discursos midiáticos que têm a sororidade como temática, aliado a uma reflexão teórica sobre sentimentos e moralidade. A sororidade é compreendida como sentimento moral, a partir da perspectiva de Hume e Smith, e relacionada, genealogicamente, a outros conceitos como simpatia, fraternidade, empatia, irmandade feminina e cuidado. A escassez de estudos sobre a sororidade, a importância que esse conceito assume no feminismo contemporâneo e a centralidade da mídia para a sua circulação justificam a realização desta tese. A metodologia utilizada é a análise do discurso foucaultiana, que proponho com base nas ferramentas conceituais de Foucault para compreender a emergência de enunciados em um contexto sócio-histórico e as produções de subjetividades e de práticas que eles engendram. O corpus de análise foi delimitado a partir do BuzzSumo, uma ferramenta de monitoramento que reuniu os cem links mais compartilhados sobre a sororidade em sites de redes sociais entre 2016 e 2018. A amostra final comporta 84 textos, publicados em 59 veículos on-line de diversos formatos. Esses discursos foram divididos em quatro categorias de análise: definições de sororidade; sororidade na prática; sororidade na mídia e limites da sororidade. Os enunciados elaboram múltiplas concepções de sororidade, impulsionando, pedagogicamente, uma série de práticas que engendram ações políticas em relações tanto de adesão quanto de resistência ao contexto cultural do neoliberalismo. A mídia aparece como espaço central para a produção de sentido sobre a sororidade, revelando a internet como locus privilegiado de ação política. As tensões entre igualdade e diferença revelam que a sororidade apresenta potências e limites e que suas possibilidades de transformação do mundo se ampliam quando ela reconhece assimetrias para além do gênero, levando em conta questões de raça, classe, ideologia política e idade, entre outras. Concluo que a sororidade se abre como uma experiência sentimental que carrega uma potência de reconfiguração das relações entre mulheres. Esse sentimento pode promover bases para uma ética feminista que impulsione ações coletivas sem apagar as diferenças entre as mulheres e sua identidade como indivíduos. Essas concepções produzem novos entendimentos sobre as formas de fazer política no contemporâneo, atravessadas pelos formatos e pelas ambiências dos meios de comunicação.
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VLADIMIR LACERDA SANTAFÉ
Pasolini e Glauber: a pobreza como potência - estética e revolução
Orientadora: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: O presente trabalho busca pensar o conceito de potência dos pobres, materializado na imagética dos cineastas Glauber Rocha e Pier Paolo Pasolini, assim como a diferença expressiva entre os dois autores e a maneira como ambos tratam a questão em seus filmes. Em nossa tese, aprofundamos a análise sobre a nova composição social do trabalho edificada pelo conceito de multidão, onde a pobreza exerce um papel de carne, isto é, uma intensidade que modula as projeções e as formas de resistência dos coletivos e indivíduos que compõem a multidão de forma singular e comum. Nisso, o cinema de Glauber Rocha e Pier Paolo Pasolini são fundamentais no sentido de compreendermos o que pode essa nova forma do fazer político e estético diante das situações produzidas pela conjuntura atual em que nos encontramos, configurada pela sociedade do espetáculo ou capitalismo pós-fordista. Nesse ínterim, afirmamos em nossa tese que a pobreza enquanto potência ou carne da multidão projetada nos filmes de Glauber Rocha e Pier Paolo Pasolini, cada um a sua maneira, constitui-se como poder constituinte ou biopolítica contra os mecanismos de captura do biopoder representado pelo capital e pelos aparatos estatais, abrindo um novo campo de possíveis de forma autônoma e horizontal, tal qual o diagrama das redes que colmatam a sociedade atual, mas no sentido inverso, ou seja, como resistência e não como controle.
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Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso - Histórico
REVISTA ECO-PÓS
v. 26 n. 02 (2023)
Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade
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