Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso
 
 
 
// TESES E DISSERTAÇÕES
TESES DE DOUTORADO // TESES EM 2014
ALBINO RAMOS CARLOS
Radiografia do Jornalismo Angolano: estudo da cobertura midiática da visita do Papa Bento XVI à Angola
Orientadora: Beatriz Becker
Resumo: O principal objetivo desta Tese de Doutorado é compreender como a mídia e o jornalismo constroem a experiência política e social e as identidades culturais de Angola. Considera-se que as práticas e os relatos jornalísticos também constituem maneiras de contar a História, podendo contribuir para a promoção do desenvolvimento socioeconômico e/ou para a manutenção do status quo. A partir de uma análise dos modos como a imprensa angolana construiu a cobertura midiática da visita do Papa Bento XVI à Angola, de 20 a 23 de março de 2009, esta investigação propõe uma reflexão sobre as maneiras como os discursos jornalísticos conferem sentidos à Angola e à África no contexto do mundo globalizado e valorizam ou não diferentes vozes sociais. Através de uma incursão na história do jornalismo angolano, são ainda destacadas as políticas de informação e comunicação implementadas e os desafios da imprensa na atualidade no País.
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ANA JULIA CURY DE BRITO CABRAL
Luz, Câmera, (Concentr)ação!: as políticas públicas e os mercados cinematográficos do Brasil e da Argentina nos anos 1990
Orientadora: Suzy dos Santos
Resumo: Esta tese estuda as modificações na dinâmica da produção e do mercado cinematográfico do Brasil e da Argentina no contexto da implantação de um modelo de Estado neoliberal a partir de início dos anos 1990, em ambos os países. Diante da observação de que naquele momento histórico ocorreram alterações importantes nas políticas públicas para o cinema, tanto no Brasil quanto na Argentina, esta pesquisa busca compreender se e em que medida aquelas mudanças representaram um contraponto ao processo generalizado de concentração observado no mercado cinematográfico global durante os anos 1990. Para tanto, adotou-se como metodologia a revisão bibliográfica, a análise documental da legislação pertinente e o levantamento de dados estruturais do setor no período delimitado.
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ARIANE CARLA PEREIRA FERNANDES
Ser mãe é... A produção de subjetividades nos discursos da revista Pais & Filhos (1968-2008)
Orientador: João Batista de Macedo Freire Filho
Resumo: Pensar como se dão os processos de subjetivação que levam as mulheres a se reconhecerem como mães e, assim, a adotarem comportamentos conformes, a partir do discurso jornalístico da revista Pais & Filhos é a proposta dessa tese. A publicação, há mais de quarenta anos no mercado editorial brasileiro, além de ser um manual mensal de puericultura, vem mostrando às mulheres-mães o que concerne à maternidade e o que não é condizente com o papel da mãe. Assim, ao mesmo tempo em que ensina à mulher a trocar fraldas, cuidar do umbigo, o que fazer se o bebê engasgar, a revista também direciona os modos de ler, ser e estar no mundo da mãe. E é essa condução das condutas maternas que interessa a esse estudo que se desdobra em duas partes, cada uma contendo dois capítulos. Na primeira são analisados como dois dos imperativos contemporâneos, o aquecimento global/efeito estufa e o trinômio felicidade-autoestima-sucesso, repercutem diretamente no que concerne à maternidade. Nos dois casos, os discursos jornalísticos de Pais & Filhos evidenciam uma responsabilização da mulher-mãe que, assim, deve assumir dois papéis, o de paladina do verde e o de heroína da performance. Movida pelo superpoder do amor-materno, a mulher-mãe, respectivamente, seria a única capaz de reverter o caos climático e teria papel ímpar na formação dos capitais humano e social de seu filho. A maternidade, assim, é pontuada por uma série de atos de heroísmo, mas também por um contínuo exercício de superação, tema da segunda parte desta reflexão. Corresponder ao esperado social e individualmente quando se é mãe, mostram as análises dos textos jornalísticos publicados por Pais & Filhos, implica em colocar-se em combate pelo reestabelecimento da criança enquanto indivíduo confiante e empreendedor. Portanto, entre as responsabilidades maternas estão o zelo pelo bem-estar físico e psíquico da criança e na atuação para reverter problemas que podem levar à desvantagem competitiva, como a hiperatividade, a tristeza/depressão e a timidez. Empreitada marcada pela busca pela perfeição que, não atingida, leva a culpa. Essa culpabilidade, característica da maternidade contemporânea, é analisada no último capítulo, que busca mostrar porque a sensação de estar sempre em falta é fundamental para a manutenção da mulher-mãe responsável e responsabilizada pelo desenvolvimento físico e psíquico da criança.
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ELANE ABREU DE OLIVEIRA
Cidades Esfaceladas: fotografia, decadência e vida urbana
Orientador: Beatriz Jaguaribe de Mattos
Resumo: As cidades são cotidianamente imaginadas e interpeladas pelas fotografias desde o advento destas enquanto técnica moderna. Na parceria entre cidades e imagens fotográficas, os fotógrafos são personagens fundamentais na elaboração de olhares para o urbano. Este trabalho propõe entender e realçar como o ato fotográfico elabora narrativas para as cidades e como as fragmenta por retóricas imagéticas particulares, sob o enfoque do que aqui se nomeia de decadência. Nesta proposta são elencadas e estudadas imagens de fotógrafos/artistas modernos e contemporâneos - Brassaï, Weegee, Daido Moriyama, Miguel Rio Branco e Mario Cravo Neto - que se dirigem às ruas, trazendo vocabulários estéticos que remontam aos corpos humanos, animais, superfícies, resíduos, objetos, mercadorias, dentre outros elementos do cotidiano urbano. São sugeridos conceitos para as cidades evocadas pelos olhares fotográficos, considerando que estes não estão necessariamente filiados à visão de uma cidade única, mas à experiência de cidades díspares. Observa-se que a decadência se apresenta por olhares estéticos como um estado de desmantelamento que carrega não apenas um sentido moral, mas um sentido de deterioração, de esfacelamento material do mundo vivido nas cidades. Por meio de conceituações teóricas, busca-se enfatizar a estética da decadência como a captação do urbano na sua feição anti-cartão-postal e antiespetáculo. Trata-se de trazer à tona a cidade esfacelada, ocultada pela homogeneização e idealização de cidades modelares. Discute-se também a fotografia em diálogo com textos literários, descrições de viajantes e cronistas num estudo de caso sobre Salvador. Por fim, são tecidas considerações acerca das formas de estranhamento da cidade através do olhar decadente dos fotógrafos estudados, bem como quanto à contribuição deste olhar estranhado na quebra de uma visão urbana icônica e homogênea.
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ELISA FERREIRA ROSEIRA LEONARDI
Juventude/Adolescência e Autorepresentação no Facebook
Orientador: Henrique Antoun
Resumo: O objetivo principal desta tese é compreender como as jovens adolescentes guarapuavana se autorrepresentam em seus perfis no Facebook. Para isso, fundamenta-se nos referenciais goffmanianos sobre representação para entender como elas criam e gerenciam seus perfis no site, a fim de causar impressão no público imaginado. Outrossim, como construto para compreender a autoimagem, alicerça-se na concepção tayloriana de identidade, que é um processo dinâmico e aberto em constante construção e desenvolvimento. Esse procedimento envolve o próprio ator, tendo como ponto importante a autointerpretação, que é só percebida no encontro com o outro. Assim se dá a compreensão do self tayloriano, que não existe sem a alteridade. E, ainda, ampara-se teoricamente no self fragmentado de Mead, caracterizado pelas diferentes ressignificações que a pessoa faculta à sua imagem, para conviver nos diferentes ambientes sociais. O recorte temporal proposto é juventude/adolescência, assim nominada pelo Estatuto da Juventude. Contudo, entende-se que o conceito é mais relacionado ao estado de espírito pessoal do que ao tempo. Para dar conta do recorte temático apresentado, a tese é apresentada tendo em vista que o Facebook é um site de redes sociais que admite a representação de atores sociais. Assim, desenvolve-se a ideia da sociabilidade das redes sociais, já que oferece a conexão das pessoas através da construção e da manutenção dos laços sociais. O Facebook permite substancializar essa interação e os atores sociais podem exercer suas subjetividades através do sistema. Ao gerenciar seus perfis do Facebook e selecionar arbitrariamente os conteúdos que irão compô-los, as jovens adolescentes praticam suas ações de subjetivação. Entende-se como perfis a composição das fotos de capa com a de perfil e a timeline, por constituirem o visual da primeira página do Facebook que oferece mais possibilidades de selecionar conteúdos subjetivos. A etnografia respalda a execução da primeira análise, que foi a pesquisa quantitativa, com a aplicação do questionário nos colégios estaduais que ofertam o terceiro ano do ensino médio em Guarapuava. A segunda análise, orientada pela etnografia virtual, foi a observação participante do perfil das garotas que responderam ao questionário e aceitaram a solicitação de amizade. A terceira análise completou o estudo com entrevistas em profundidade de sete jovens adolescentes. Conclui-se nesta tese, que as jovens adolescentes guarapuavanas se representam em seus perfis do Facebook, projetando imagens idealizadas. Elas se autorrepresentam como alguém que almejam ser, como gostariam que os interlocutores as vissem, ou, em alguns casos, como símbolos de consumo. Elas se encontram no olhar do público através dos retornos positivos que recebem, em forma das curtidas. O prazer de sentirem-se elogiadas e a consequente melhora de sua autoestima as narcotiza e faz com que elas relaxem a vigilância por sua segurança. A satisfação gerada por esse mecanismo causa uma espiral crescente de ocorrências, que cada vez mais se intensifica.
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ÉVERLY PEGORARO
No Compasso do Tempo Seampunk: a visualidade de uma cultura urbana retrofuturista
Orientador: Micael Maiolino Herschmann
Resumo: Esta pesquisa objetivou analisar a formação de uma visualidade específica no steampunk. Trata-se de uma cultura urbana que se pauta pelo retrofuturismo, lançando um olhar para o passado e, simultaneamente, imaginando um futuro que não aconteceu nesse passado. A proposta desse hibridismo de temporalidades é discutir as interações entre ser humano e tecnologia. O steampunk explora em suas criações um suposto mundo alternativo movido a vapor (steam), cujas histórias se passam num tempo híbrido entre a Era Vitoriana e um futuro sob a ótica punk. O steampunk surge na literatura, ganha espaço nas culturas urbanas e é ressignificado nos diferentes microgrupos país afora. A visualidade steampunk proposta nesta pesquisa reflete uma confluência de experiências e reapropriações locais que, por sua vez, proporciona agenciamentos individuais e coletivos. Dessa forma, procurou-se descobrir quais elementos integram a visualidade steampunk, o que os steamers (como são conhecidos os adeptos) propõem, de que forma eles performatizam a visão de mundo steampunk e com que propósitos. Três hipóteses foram desenvolvidas no estudo. A primeira amparase no pressuposto de que a imagem caracteriza-se como vetor de comunhão das culturas urbanas contemporâneas. A segunda refere-se ao enraizamento dinâmico propiciado pelo steampunk a partir da noção de tempo espiralado, em que há uma confluência de valores arcaicos e da cultura tecnológica, rompendo com a concepção de tempo linear e sinalizando novas formas de subjetividade. A terceira proposição relaciona-se ao engajamento do corpo e à materialização da visualidade steampunk, propondo que os steamers potencializam uma produção participativa mesclada pelo DIY e pelo DIT. Escolheu-se como grupo a ser pesquisado a Loja Paraná do Conselho Steampunk, que agrega os participantes de Curitiba. O trabalho de campo inspira-se na pesquisa etnográfica, combinando estudo de caso e observação participante, com aplicação de questionários semiestruturados e registro fotográfico. Constata-se que o steampunk contraria as críticas de nostalgia que se lançam a várias práticas culturais 9 contemporâneas, bem como os lamentos ao presenteísmo que seria típico dos atuais agrupamentos juvenis. Muitas vezes sem separar hedonismo, consumismo e entretenimento, o que os steamers promovem são táticas de resistência ao cotidiano racionalista e utilitarista, ao mesmo tempo em que estabelecem formas de reapropriação dos produtos midiáticos. O resultado da produção coletiva é a expressão concreta de sua visualidade. O que steamers propõem é uma experiência temporal diferenciada, sinalizando que um complexo panorama social emerge nas fissuras das compressões espaço-temporais potencializadas pela cultura tecnológica.
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FRANCISMAR FORMENTÃO
Estética da Relação: apontamentos sobre Peter Greenaway
Orientador: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: O diálogo nesta tese parte de teorias sobre a estética como experiência para uma fundamentação epistemológica na filosofia da linguagem do Círculo de Mikhail Bakhtin, e, em seguida, faz o cotejo com produções do cineasta e artista Peter Greenaway, principalmente em relação às questões sígnicas e de comunicação estética. Compreende-se neste estudo que a estética não se concretiza no artefato, no objeto estético ou trata-se de um mecanismo linguístico, e sim, de um movimento axiológico de distanciamento entre consciências criadoras, materializadas nas relações estabelecidas por meio dos enunciados, cotidianos ou extraordinários. Confirmando assim que, na existência humana, há a presença da ética, estética e cognição como elementos basilares da cultura.
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GABRIELA NÓRA PACHECO LATINI
Monoculturas da Informação: perspectivas do jornal e do jornalismo no século XXI
Orientador: Muniz Sodré de Araujo Cabral
Resumo: A história demonstra que o processo de segmentação foi amplamente incorporado à imprensa brasileira no final do século XX, com a consolidação do modelo de cadernos e editorias e a valorização do marketing jornalístico, nos anos 1980-90. Hoje, com a hipersegmentação da mídia digital, torna-se premente atentar para os perigosos caminhos da excessiva fragmentação do noticiário. Esta que tem por objetivo fornecer conteúdo cada vez mais personalizado, mas com sérios prejuízos à contextualização dos fatos. No atual contexto de mudanças, com o desenvolvimento de novas formas de produção e distribuição de informações, repensar o modelo dos jornais impressos – tanto em termos de conteúdo, quanto de formato –, favorece o debate acerca da atividade jornalística e de sua função social. Com a elucidação dos processos de convergência tecnológica e fragmentação cultural, busca-se aventar a hipótese de que se vive um paradoxo na contemporaneidade: um momento no qual, tecnologicamente, tudo tende a convergir, mas, do ponto de vista do sentido, parece mesmo predominar a divergência. A descrição dos modelos de segmentação dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo contribui para desmistificar a dinâmica que orienta a criação/extinção de cadernos, editorias e suplementos. E revela uma segmentação fabricada, em sintonia com as celebrações tecnológicas, para servir aos interesses próprios do capital. Os resultados da Pesquisa Brasileira de Mídia (2014) indicam, por sua vez, o quanto as edições estão fragmentadas, não só fisicamente, nos jornais impressos, mas na própria cabeça do leitor. Falar desse mundo com novas metáforas. Redescrever esses mesmos problemas à luz de uma nova plataforma interpretativa. É o que se pretende com a apresentação do conceito de “monoculturas da informação” e o desvelamento da sua lógica de fabricação de mais do mesmo para grupos específicos, eliminando a diversidade e atendendo à tão celebrada personalização.
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HENRIQUE MOREIRA MAZETTI
As Marcas da Felicidade: transformações do bem viver na publicidade brasileira (1960-2010)
Orientador: João Batista de Macedo Freire Filho
Resumo: Esta tese analisa as relações entre o discurso publicitário e os processos de produção de subjetividade, compreendidos a partir do viés teórico foucaultiano. Parte-se da premissa de que a publicidade emite orientações não apenas sobre os modos como as pessoas podem e devem se relacionar com as mercadorias, mas também fornece farto material para que os indivíduos elaborem compreensões de si mesmos e dos outros. A propaganda prescreve ideais do que constitui o bem e difunde socialmente imagens da felicidade e da boa vida. Ao perscrutar as transformações no discurso publicitário, é possível, portanto, identificar alterações nas maneiras de ser e estar no mundo promovidas como legítimas e desejáveis no interior da cultura de consumo. O foco da pesquisa recai no exame dos processos de individualização exibidos na publicidade, esmiuçados a partir da análise textual de anúncios publicitários veiculados nas revistas O Cruzeiro e Veja, entre o período de 1960 e 2010. Procura-se extrair do corpus discursivo selecionado elementos verbais e não verbais que ilustrem os modelos e identificação, imperativos de conduta, sistemas de diferenciação e construções do “outro” acionados pela publicidade brasileira em diferentes contextos históricos. Por meio do estudo das representações publicitárias, são identificadas algumas das mutações da moralidade que condicionam a emergência do individualismo contemporâneo. O quadro teórico que informa esta tese se sustenta em três eixos principais: a perspectiva culturalista da publicidade, a literatura da governamentalidade e trabalhos que contemplam as transformações morais da cultura moderna. Além de contribuir para uma apreensão mais nuançada da publicidade – que incorpore sua significância cultural a sua importância econômica – a pesquisa almeja aprofundar o entendimento sobre o papel da mídia na disseminação de referências que orientam os modos de vida contemporâneos.
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LAYSE PEREIRA SOARES DO NASCIMENTO
A Imprensa Paranaense e a Ditadura Militar: 1964-1974
Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: A Imprensa Paranaense e a Ditadura Militar: 1964-1974, é o título desta pesquisa que se propõe a investigar particularidades e características da imprensa paranaense frente ao golpe de 64, promovendo uma reflexão que estabeleça o diálogo com o cenário nacional. Os estudos são embasados na análise documental de jornais paranaenses, nas memórias de jornalistas que trabalharam nos referidos periódicos, na historiografia sobre o tema, permeados pela teoria gramsciana e suas reflexões sobre o Estado, sociedade civil, hegemonia e relações de poder. São objetos de estudo as manchetes (internacionais/nacionais/estaduais/locais; identificação de notícias oriundas de agências, e assuntos priorizados); editoriais e colunas de opinião, além de outros aspectos textuais e gráficos. Para análise foram selecionados jornais da capital, Curitiba, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, e do interior do estado Folha de Londrina, Diário dos Campos, Folha do Oeste, O Combate, em função de alguns critérios, sendo priorizada a sua localização geográfica, desenvolvimento urbano, número de habitantes, tempo de circulação, e, a existência de exemplares em condições de pesquisa. Para o desenvolvimento do corpus do trabalho, houve a preocupação em entender as motivações do golpe, a ditadura no Brasil e Paraná; qual a efetiva participação dos militares paranaenses no golpe que teve como centro Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro; como essa sociedade estava organizada; se havia movimentos sociais expressivos; as razões levam essa imprensa a seguir a tendência nacional de apoiar o regime militar; quem eram esses jornalistas; entre outros aspectos. A partir das investigações realizadas nas fontes documentais – os jornais são ao mesmo tempo fonte e objeto de pesquisa, buscou-se desvendar a presença de vozes dissonantes na imprensa paranaense, mesmo que isoladas, identificar como se apresentam, e se tornam perceptíveis, se “fazem ouvir”.
LILIANE DA COSTA NASCIMENTO
O Auto-conhecimento Através dos Números: as práticas de auto-monitoramento dos quantified selves
Orientadora: Fernanda Glória Bruno
Resumo: Esta tese visa compreender as práticas de auto-monitoramento dos quantified selves, integrantes de um movimento originado em 2008 na região da Baía de São Franciso, na Califórnia (EUA). Os quantified selves visam gerar melhorias em suas vidas e em sua saúde a partir de práticas de quantificação e monitoramento de aspectos comportamentais e biométricos. Para isso, eles recorrem aos aplicativos e dispositivos vestíveis que formam o emergente campo da saúde móvel (mobile health) ou criam suas próprias ferramentas e técnicas para coletar e analisar dados. Nosso objetivo principal é compreender as matrizes do projeto que constitui o lema deste grupo – a busca do ‘auto-conhecimento através dos números’. Com a ajuda dos métodos quali-quantitativos da teoria ator-rede, analisamos documentos existentes sobre este movimento na internet, investigando a rede de atores, agências, motivações e disputas que delineiam as práticas a que se lançam estes indivíduos. No primeiro bloco desta tese, investigamos os processos subjetivos subsidiados pelas práticas de auto-monitoramento e analisamos como elas se relacionam com as mudanças na experiência da saúde e com a demanda por corpos e cotidianos otimizados que marcam as sociedades contemporâneas. No segundo bloco, nos voltamos à análise das relações entre conhecimento científico e auto-conhecimento, através da qual buscamos compreender como as técnicas da quantificação, da experimentação e da objetividade são empregadas pelos qs’s. Elucidamos, assim, como a conversão da própria vida em um laboratório dialoga com fluxos de responsabilização individual pela própria saúde, com formas de produção e legitimação do conhecimento científico e com as demandas do upgrade que caracterizam a busca pela alta performance. O trabalho investiga, assim, a emergência de um auto-conhecimento objetivo e uma nova cultura que se estabelece em torno dos dados pessoais, na qual o desejo pelo governo de si dialoga com os fluxos de poder através dos quais se dá o governo dos outros.
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MARCELO CARVALHO DA SILVA
Do Universo Maquínico à Imagem Oculta do Cinema: construção e caracterização da imagem-perceptual no sistema de imagens do cinema em Gilles Deleuze
Orientadora: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: Em A imagem-movimento e A imagem-tempo, Gilles Deleuze reitera no cinema o conceito bergsoniano de “imagem”. O cinema seria instaurado por um intervalo de movimento na matéria fluente e objetiva, “opacidade” que revela a luz, antes ininterrupta. É a mesma operação pela qual Henri Bergson define o ser vivo. Tanto o intervalo do cinema, quanto da matéria viva, se dariam sobre um plano de imanência, instância impensável, mas necessariamente construída. Ainda nos livros do cinema, Deleuze suscita uma dimensão da ciência dos signos que, ao contrário da semiologia de extração linguística, e mesmo da semiótica peirceana, não seria tributária a qualquer aspecto linguístico. Uma semiótica depurada de condicionantes linguísticos fundada no cinema, nas imagens-movimento e nas imagens-tempo, matéria sinalética e não linguisticamente formada. Deleuze retoma, assim, as proposições de Pier Paolo Pasolini para o cinema. Este é o fundo onde procuramos pela imagem-perceptual, imagem que surge no cinema após a instauração do intervalo de movimento, entre o plano de imanência e a constituição da imagem-percepção. É por Bergson que se chega à dimensão anterior ao humano (no primeiro capítulo de Matéria e memória) e à formulação material da imagem, longe da qualquer concepção representativa. Uma imagem ainda quente, a imagem-perceptual, que surpreendemos nos grandes filmes curtos de Lumière: descobrimos nestes filmes não o realismo das imagens, nem uma nova forma de representação, mas o salto da imagem bergsoniana da matéria acentrada para o cinema.
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MAYKA JULIANA CASTELLANO REIS
Sobre Vencedores e Fracassados: a cultura da autoajuda e o imaginário do sucesso
Orientador: João Batista de Macedo Freire Filho
Resumo: Esta tese analisa a articulação e a expansão do imaginário da vitória como um imperativo socialmente validado. A partir de um arsenal teórico formado por autores que se propuseram a pensar as transformações na moral contemporânea, avalio exemplares da literatura de autoajuda, principal materialização cultural do elogio ao sucesso. A fim de compreender os discursos que são mobilizados através desse gênero e que contribuem para a produção de subjetividade, sobretudo através das figuras do vencedor e do fracassado, privilegiei obras de duas épocas distintas. Do século XIX, foram escolhidas Ajude-se (Smiles, [1859], 2012) e Como alcançar o sucesso (Marden, [1896] 2011), precursoras do gênero. Já os representantes do bem-sucedido filão editorial contemporâneo, publicados a partir do final do século XX, são: A essência dos vencedores (Regina, 2010); Só é fracassado quem quer (Morgan, 1989); S.O.S Sujeito ou sujeitado (Urban, 2010); Você é insubstituível: este livro revela a sua biografia (Cury, 2002); Marketing de B.A.T.O.M: atitudes que fazem da mulher uma vencedora (Sleiman, 2008) e Filho rico, filho vencedor (Kiyosaki e Lechter, 2001). As origens do imaginário da vitória são buscadas na formação da sociedade norte-americana, com suas específicas concepções, influenciadas pela ética puritana, relativas a trabalho e sucesso, e a mitos como o do self-made man. Examino, a partir daquela gênese, o contexto de surgimento dos primeiros exemplares da autoajuda, sua relação com a cultura terapêutica e com processos de individualização contemporâneos. Investigo, também, a recorrência de determinados conceitos como a autonomia e a responsabilidade, marcas indeléveis do ambiente cultural formado pelo avanço das práticas econômicas do neoliberalismo e suas respectivas concepções de sujeito. Por fim, busco entender de que forma as demandas contemporâneas a respeito da responsabilização dos indivíduos sobre suas próprias trajetórias ganham nuances significativas na autoajuda voltada especificamente para a criação dos filhos e para a mulher.
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MILENA DE LIMA TRAVASSOS
Alegorias e Imagem no Cinema de Andrei Tarkovski
Orientador: Mauricio Lissovsky
Resumo: Por meio do conceito de alegoria, teorizado pelo filósofo alemão Walter Benjamin, o cinema do diretor russo Andrei Tarkovski, especificamente nos filmes O Espelho, Stalker, Nostalgia e O Sacrifício, é “lido” em uma tradução criativa em constante movimento, em que se destacam as noções de memória, percurso, aura-alegoria e redenção. Paradigma de uma linguagem a interromper o silêncio de coisas mudas. Nela as palavras buscaram garantir a “beleza” do objeto que nos retribuiu o olhar, em uma tradução dotada de discurso e pensamento – tradução teórica e alegórica. Essa forma de abordagem fez dessa pesquisa uma junção de pensamento, criação e escrita. Ato de resistência – em parentesco próximo com o fazer arte – que não repetiu, nem simplificou os objetos e as ideias surgidas nesse encontro. As questões que sempre preocuparam o diretor, como o afastamento do homem em relação à natureza, as relações extras sensíveis, a condição do homem diante do mundo moderno e do progresso, dão-se a ver em seus filmes, menos de forma explicita, mas enquanto rastros transformados em imagens e sons. Neste exercício de leitura, em que razão, impressão e fascinação crítica figuram lado a lado, a obra dos teóricos Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman e Gilles Deleuze somaram-se a Walter Benjamin foram essenciais.
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MILLA BENICIO RIBEIRO DE ALMEIDA CÂMARA
O Animal Político e o Não Humano: uma análise da construção moderna dos discursos de zelo em relação aos animais
Orientador: Paulo Roberto Gibaldi Vaz
Resumo: O presente trabalho objetiva, como já anuncia seu título, promover uma análise da construção moderna dos discursos de zelo em relação aos animais a partir da percepção de que tais discursos constituem-se, em grande medida, em modalidades do pensamento humanista. A articulação desses termos, proteção animal e humanismo, dar-se-á, ao longo da tese, pela investigação dos limites entre humanos e não humanos, em diferentes épocas, e manifestos em mídias com alcance massivo. Estas ressoam uma certa economia de sentimentos em relação aos animais, embora também sejam produtoras de sentido. A pesquisa propõe-se, ainda, a colocar o seguinte questionamento ético: para se proteger o animal é preciso combater aquilo que dele nos separa, nossa racionalidade e nossa capacidade política?
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PRISCILA VIEIRA E SOUZA
Comunicação, Modernidade, Religião: relações culturais na história e produção do Centro Áudio Visual Evangélico – CAVE (1951-1971)
Orientador: Márcio Tavares d’Amaral
Resumo: Dois eixos principais compõem essa tese. O primeiro elabora o quadro teórico através de duas hipóteses culturais – uma trabalhada como pressuposto e outra formulada como questão enfrentada diretamente na pesquisa. O pressuposto refere-se à história do pensamento ocidental e sua dupla origem, grega e judaica, de que deriva a percepção de uma tensão constante entre fé e razão nos fundamentos da cultura. A segunda hipótese coloca em questão a modernidade em sua relação com o religioso, enfocando o tema da secularização como fundamental para compreender as dinâmicas que criaram o espaço público, destinando a fé à dimensão privada; e também a ‘reentrada’ do religioso nos espaços modernamente tidos como públicos. Essa hipótese desdobra-se em uma pergunta sobre a comunicação, especificamente as relações da comunicação social com o espaço público moderno e os processos secularizadores. Tais questões compõem o primeiro eixo, sobre o qual o segundo se movimenta. Descrever e analisar a história e produção do Centro Áudio Visual Evangélico (CAVE) é o principal objetivo do segundo eixo da pesquisa. As análises históricas e de mídia são realizadas a partir do contexto histórico cultural, tendo o quadro teórico como perspectiva de fundo. Para tanto, a abordagem da história do protestantismo no Brasil fez-se necessária, em movimento de fechar o foco das questões culturais amplas, para o contexto e o caso específico estudado. O CAVE foi uma organização ecumênica protestante que produziu diferentes tipos de mídia religiosa no período de 1951 a 1971, tais como LPs, programas radiofônicos e filmes fixos – eslaides, transparências e diapositivos. A descrição histórica realizada abarca os vinte anos de funcionamento da organização e prossegue para análise dos filmes fixos. O corpus documental da pesquisa, inédito, é composto pelo conjunto abrigado pelo Centro de Memória Metodista (CMM), na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), cidade de São Bernardo do Campo, SP. Compuseram a pesquisa as etapas de organização do arquivo; digitalização parcial dos documentos; descrição histórica a partir de documentos institucionais; análises a partir de documentos institucionais; análise da produção. Os resultados procuram articular a experiência do CAVE à história do grupo que o gerenciava, os protestantes históricos, tendo como perspectiva o conjunto de questões teóricas formuladas como quadro teórico analítico da pesquisa.
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TALITHA GOMES FERRAZ
Espectação Cinematográfica no Subúrbio Carioca da Leopoldina: dos "cinemas de estação" às experiências contemporâneas de exibição
Orientador: Janice Caiafa Pereira e Silva
Resumo: Neste trabalho, investigamos os processos comunicativos e as sociabilidades relacionados às práticas de exibição e espectação cinematográficas realizadas no contexto urbano dos bairros da Zona da Leopoldina, subúrbio do Rio de Janeiro, em cinemas de estação – como denominamos os cinemas que se localizavam, no século XX, em frente a estações de trem – e complexos multiplex atuais. Examinamos ainda como se efetivam hoje na região as iniciativas de democratização do acesso ao audiovisual cinematográfico por meio de experiências de cineclubes e cinema em favela. A partir de conversas com interlocutores, observação participante e pesquisas em arquivos, exploramos como as pessoas fazem uso desses equipamentos coletivos de lazer. Do mesmo modo, examinamos em que medida a presença dos cinemas na rua, com variados perfis, se conecta a diferentes soluções urbanas, participando das ocupações do espaço e da produção de sociabilidades na área da Leopoldina.
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Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso - Histórico
REVISTA ECO-PÓS
v. 26 n. 02 (2023)
Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade
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