Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso
 
 
 
// TESES E DISSERTAÇÕES
TESES DE DOUTORADO // TESES EM 2023
ANGÉLICA DE FREITAS FONTELLA MOREIRA
Bandidos da Imprensa: de "Mineirinho" a "Beira-Mar" nas linhas do tempo do jornalismo carioca
Orientadora: Marialva Carlos Barbosa
Resumo: Na edição de 16 de junho de 2002 do jornal O Globo, um infográfico na forma de linha tempo chama atenção: “As principais etapas do banditismo nos últimos 50 anos no Rio”. Sucintamente, o impresso destaca seis homens que representariam cada uma dessas etapas: “Mineirinho” (anos 1950), “Tião Medonho” (anos 1960), Lúcio Flávio (anos 1970), “Escadinha” (anos 1980), Ernaldo Pinto Medeiros, “Uê” (anos 1990) e “Fernandinho Beira-Mar” (anos 2000). É a partir desse infográfico que desenvolvemos o tema desta tese: os “bandidos da imprensa”. Ao analisarmos as coberturas dos dois momentos principais dessa linha do tempo de referência, os extremos (início e fim), guiadas pela ideia de Heller (1993), sobre os momentos axiais como elos e adotando como principal ferramenta metodológica a linha do tempo, detectamos elos específicos entre as histórias do “bandido-gênese” (“Mineirinho”) e daquele que deixará “herdeiros” (Beira-Mar”): a humanidade desumana como elo passado. Selecionamos como objeto empírico os jornais cariocas O Globo, Última Hora (ao falarem dos dois personagens) e Extra (ao falar de “Beira-Mar”), por meio da perspectiva do jornalismo de sensações, um dos conceitos centrais desta pesquisa. Interpuseram-se também as histórias da imprensa brasileira, carioca e de sensações no Brasil, que se aglutinam também pelo conceito de memória, indispensável a este trabalho. A principal palavra-chave deste trabalho, intrinsecamente ligada aos conceitos basilares adotados, é “bandido”. Personagem clássico, tradicional das narrativas populares — desde cantigas folclóricas, como estudou Hobsbawm (2016) até o jornalismo de sensações, passando pelos estudos do chamado “sensacionalismo” e, claro, do “popular”. Recorremos aos dicionários mais clássicos da língua portuguesa (BLUTEAU, 1712 e SILVA, 1789), para apreender essa construção de “bandido”, especificamente do “bandido da imprensa”, fabricado pela sociedade (da qual, obviamente, a imprensa faz parte). Detalhamos, então, os aspectos sensacionais de uma cobertura, ou seja, como se dão as principais características do jornalismo de sensações, não só por meio do texto, mas pelas cenas que se fazem de letras, suor e sangue. Elementos que demandaram uma breve discussão acerca dos direitos humanos, sob a perspectiva histórica (HUNT, 2009) e filosófico-fotográfica (SONTAG, 2003). Navegando entre textos e imagens, identificamos uma espécie de “jogo” entre presente e passado, que se revela pela via das sensações, construindo uma memória do jornalismo de sensações, que se trata de uma operação narrativa, afinal, e não apenas uma linguagem. Nessa operação memorável, vimos o quanto um “bandido” transformado em homem-bandido-presa permanece e é reatualizado sempre que há oportunidade. Na história do jornalismo de sensações, que se mostrou sincrônica e diacrônica, constatamos em uma maior duração (no quase meio século entre 1954 e 2002) a permanência de mesmos elementos em contextos diferentes, em um processo de desenvolvimento e atualização permanente. O “bandido”, enfim, tão acertadamente resumido por Bluteau (1712) e Silva (1789), torna-se o homem-bandido-presa, conectado no tempo e nas linhas do tempo dos jornais cariocas.
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CARLA PATRÍCIA SERQUEIRA LIMA
Racismos nas Trajetórias Escolares e Profissionais de Jornalistas Negras
Orientadora: Suzy dos Santos
Resumo: Este trabalho analisa os impactos do racismo estrutural nas trajetórias escolares, acadêmicas e profissionais de jornalistas negras. Desde a escravidão até os dias de hoje, ideologias racistas e sexistas determinam modelos dominantes de relações sociais que interditam possibilidades de ascensão da população negra, sobretudo das mulheres negras. Na virada do século XXI, a feminilização do jornalismo mudou o perfil profissional, mas permaneceu branco, sendo as mulheres brancas a maioria na profissão atualmente. Seguindo os “rastros” que ligam o passado ao presente, desde as vivências escolares até o ingresso e a permanência (ou não) no mercado de trabalho, esta tese indica o acúmulo dos privilégios da população branca que mantém baixa a presença negra nos quadros profissionais. A partir de estatísticas e de relatos coletados através de um questionário online, 137 jornalistas de todas as regiões do país contribuíram para a realização da pesquisa, que identificou não só violências, mas também as resistências que as fazem existir na profissão. A criação de vínculos é um dos aspectos mais prejudicados ao longo das trajetórias, da escola ao mercado de trabalho, sendo o fortalecimento dos vínculos entre as jornalistas negras um dos caminhos apontados como forma de resistir ao racismo cotidiano. Eugenia, patriarcado racial, branquitude, negritude, autodeclaração racial, racismo estrutural, racismo institucional e racismo cotidiano foram conceitos trabalhados, além dos fenômenos da feminilização do jornalismo, e dos chamados “teto de vidro” e “síndrome da abelha rainha”. O mito da democracia racial e o pacto da branquitude seguem em operação, impondo barreiras para a participação efetiva das mulheres negras na construção de um jornalismo antirracista. Este trabalho, portanto, evidencia estas barreiras com intuito de contribuir com suas remoções.
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DÉBORAH VEVIANI DA SILVA
Quando o Político Sempre é Pessoal: relatos da violência política de gênero no Brasil contemporâneo
Orientadora: Suzy dos Santos
Resumo: Primeiro foram as ofensas de estupro, proferidas dentro da câmara, endereçadas a Maria do Rosário – inclusive, em mais de um episódio. Depois, o impeachment de Dilma Rousseff – cujo contexto é permeado por capas de revista fortemente misóginas, comercialização de adesivo incitando estupro da ex-presidenta, um livro dedicado exclusivamente a ridicularizá-la e, na ocasião da votação sobre seu afastamento, uma homenagem a um dos maiores torturadores da ditadura militar no Brasil, durante voto favorável a abertura do processo de impeachment. Em 2017, um governo interino com corpo ministerial composto apenas por homens e um presidente que faz um discurso machista no Dia Internacional das Mulheres. Em 2018, o assassinato de Marielle Franco. Nos anos seguintes, as ameaças de morte à Talíria Petrone e Duda Salabert (além de ataques transfóbicos a esta) , uma eleição marcada por ofensas e calúnias destinadas a Manuela d’Ávila, o assédio sexual – dentro da ALESP, em plena sessão de trabalho – sofrido por Isa Penna. Todos estes fatos têm uma característica em comum: a violência política de gênero. Organizados em uma linha do tempo, eles corroboram ainda para a compreensão de aspectos do neoconservadorismo – fenômeno que investigado sob a perspectiva de gênero, proposta por Flávia Biroli, mostra-se fundamental para pensar a contemporaneidade dentro de uma acepção política. Esta tese consiste, portanto, em uma análise da violência política de gênero, no cenário contemporâneo brasileiro. Tendo como objeto de estudo o livro organizado por Manuela d’Ávila, intitulado Sempre foi sobre nós: relatos de violência política de gênero no Brasil (2022), a pesquisa debruçou-se em textos escritos por diferentes mulheres candidatas e/ou ocupantes de cargos políticos para compreender de que maneira tal violação se desenvolve. Ao privilegiar o olhar das vítimas, o presente trabalho busca entender o modus operandi deste tipo de violência e seus impactos na perspectiva destas mulheres. Para elaboração de uma amostra diversa, foram elencadas autoras com diferentes marcadores sociais, contemplando representantes de grupos minorizados. Através de metodologia qualitativa – combinando análise documental, revisão bibliográfica e análise interpretativa dos relatos – a investigação buscou evidenciar, principalmente, a forma como a violência política de gênero afeta cada uma das mulheres nos relatos analisados, mostrando também eventuais nuances e singularidades nos episódios analisados e gerando contribuições teóricas importantes para o tema, através da visão das autoras. Propondo uma leitura interseccional, conjugando diferentes bases epistemológicas da teoria feminista e dos estudos raciais, a tese traz elucidações de como a misoginia é instrumentalizada na esfera política – sendo utilizada como ferramenta para dissuadir e obstruir a trajetória de mulheres –, mostrando que é sobretudo no território da subjetividade, individualidade e intimidade onde elas são atacadas, para desistirem de ocupar e/ou permanecer nos espaços de poder. A fim de incrementar o empreendimento teórico do tema, buscou-se ainda classificar os episódios de violência identificados ao longo dos relatos de acordo com as principais formas de expressão da violência política de gênero, indicadas na cartilha online elaborada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem | UFMG).
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DIOGO DUARTE RODRIGUES
A Caixa Espelhada: explicabilidade, invisibilidade e transparência algorítmica
Orientador: Giuseppe Cocco
Resumo: A presente tese aborda os algoritmos e diferentes conceitos relacionados ao termo em uma perspectiva de investigação dos fenômenos e efeitos gerados a partir da crescente dependência algorítmica nas relações sociais e comerciais. A emergência de uma cultura algorítmica que permeia diferentes extratificações sociais contrastam com o pouco amadurecimento de questões diretamente conectadas aos algoritmos, como transparência, invisibilidade e explicabilidade. Em um cenário de contínua evolução tecnológica, com tendências à automatização e a interações com quantidades de dados cada vez maiores, os usuários sabem o que é um algorítmo? Percebem a existência dessa mediação algorítmica? Se o percebem, conseguem ver os processos e os dados utilizados? Se conseguem ver, são capazes de entender? Na busca pelos caminhos que levam a um real entendimento dos algoritmos pelos usuários, a presente tese se vale de referências bibliográficas dos campos da Ciência da Computação, Ciência da Informação, Design e Comunicação, e mais pontualmente de outras áreas do conhecimento, afim de mostrar como a cultura algorítmica atravessa diferentes esferas da vida cotidiana social e apresenta uma nova alegoria conceitual como hipótese capaz de abarcar a representação de um algoritmo ainda inacessível em diversos aspectos: a caixa espelhada.
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EDUARDO BRANDÃO PINTO
Emergir o Inexistente: cinema contemporâneo e a liberdade do sensível
Orientador: André de Souza Parente
Resumo: Há uma linhagem do cinema pós-1980 atravessada por categorias negativas como esvaziamento, lentidão, silêncio, estaticidade, que remonta a cineastas como Abbas Kiarostami, Tsai Ming-liang, Pedro Costa, Carlos Reygadas, Albert Serra, entre outros. Em Cinema 2 – A imagem-tempo (1985), Gilles Deleuze já vinculara o cinema moderno a outras categorias negativas que operam em dimensão filosófica, como o intolerável, o insuportável, o impensável e, no centro delas, “a ruptura na ligação do homem e do mundo”. Esta tese procura elaborar uma leitura para a potência estética de algumas experiências cinematográficas das últimas décadas, buscando reconhecer continuidades e, sobretudo, descontinuidades com a imagem-tempo e o cinema moderno. Nossa hipótese aponta para a radicalização das formas de ruptura entre espectador e filme (sujeito e mundo), em que essa intransitividade aparece como a afirmação da emancipação do campo sensível frente às demandas humanas. A liberdade das imagens, então, pensada como um processo, é a condição para o aparecimento de novas formas de subjetividade, de política, de ética, que pressionam pela emergência daquilo que ainda não existe.

O autor não autorizou a disponibilização da tese.
ELISIANE DA SILVA QUEVEDO
Práticas da Necessidade: estratégias de comunicação de pedintes e vendedores pedintes no Trensurb de Porto Alegre
Orientadora: Janice Caiafa Pereira e Silva
Resumo: Este trabalho busca explorar as estratégias comunicativas dos pedintes e vendedores que atuam ilegalmente no Trensurb, o trem metropolitano que liga Porto Alegre às cidades gaúchas de Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Utilizando a etnografia como “método-pensamento” (Caiafa, 2019), partilhando experiências de viagem, convivendo, dialogando e acompanhando a performance da necessidade, a pesquisa mapeia os processos comunicacionais que são construídos no domínio das práticas de sobrevivência através da mendicância e do comércio, e explora as suas repercussões no quotidiano das viagens. O Trensurb, por ser um espaço de grande circulação de pessoas, um espaço símbolo da cidade e do seu desenvolvimento urbano, espelha também os contrastes sociais da sociedade em que vivemos, registrando a presença de indivíduos que contornam as restrições em nome da segurança, abordando os demais usuários para pedir esmolas ou oferecer um produto de pequeno valor. Assim como Caiafa (2015) afirma para o metrô de São Paulo, considero que o trem e os vários elementos dispostos no seu território comunicam: o conteúdo que passa nos monitores, os avisos nos alto-falantes, os informativos espalhados por diversos pontos do modal. Para viajar de trem, os passageiros comunicam-se com esse espaço por meio de códigos e símbolos, no qual a leitura e o entendimento lhes permitem, por exemplo, comprar o bilhete, colocar o cartão na roleta, acessar o túnel que dá acesso à plataforma e compreender os muitos apelos aos sentidos, especialmente em forma de publicidade, espalhados por sua estrutura. O Trensurb é um local que oferece incontáveis possibilidades de arranjos comunicacionais e possui uma complexa dinâmica, a qual é, ao mesmo tempo, organizativa e comunicativa, fundamental ao adequado funcionamento do meio de transporte de massa. A atividade dos pedintes e vendedores insere-se nessa dinâmica que é também de disputa pela atenção do usuário do trem. Trata-se, desse modo, de uma adequação da atividade de mendicância e do comércio ilegal, bastante comum nas grandes cidades, à área de viagem coletiva, delimitada, regulada e vigiada do Trensurb. Procurei explorar essa especificidade apoiando-me nos textos de autores como Pires (2011), Ferreira (2007), Ostrower (2007) e Requena (2019). Identifiquei que as relações entre pedintes, vendedores e seguranças da Trensurb estão marcadas por conflitos, mas também, em alguns casos, por acordos tácitos que garantem uma espécie de coexistência pacífica, de modo que todos consigam executar suas atividades dentro do trem. As estratégias de comunicação e sobrevivência no Trensurb revelam a complexidade dos arranjos que garantem a subsistência dos pobres em meio urbano. Explorei algumas dessas estratégias, descrevendo o que vivenciei no trabalho de campo e tentando entender a lógica que as organizaria no contexto da intrincada dinâmica da comunicação nos espaços do Trensurb em Porto Alegre.
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JÚLIA CAVALCANTI VERSIANI DOS ANJOS
Feminicídio no Telejornalismo: matriz melodramática e novos ideais femininos
Orientador: João Freire Filho
Resumo: Este trabalho tem como objetivo examinar os efeitos de sentidos produzidos pelos discursos jornalísticos a respeito do feminicídio. O corpus da pesquisa inclui notícias e reportagens de telejornais da Rede Globo que apresentem o termo “feminicídio” e que tenham sido disponibilizadas na ferramenta Globoplay, entre 2018 e 2020. O telejornalismo foi privilegiado como objeto, porque suas narrativas – compostas por texto, imagem, vídeo, som, estatísticas e lágrimas – abrem possibilidades de análise da dramatização e a emotividade construídas diante de casos de mortes violentas de mulheres motivadas pelo ódio. O feminicídio costuma aparecer como “triste estatística”; agressores são descritos como “monstros” e “trastes” e, para o público, emerge um imperativo: “vá até uma delegacia, denuncie”. O que este tipo de enunciado significa para as mulheres vítimas de violência (em sua maioria, são negras e de baixa renda)? E para aquelas e aqueles que observam o sofrimento das outras? De que maneira os telejornais delimitam como o espectador deve sentir-se perante os episódios de feminicídio e quais as consequências políticas deste enquadramento? Que subjetividades estas narrativas colaboram para construir e reconfigurar? A principal questão do trabalho, então, é: como o modo de narrar o feminicídio por parte dos telejornais, caracterizado por um apelo emocional, delineia o objeto feminicídio e transmite regras sociais à coletividade feminina? A hipótese é que a dramaticidade despotencializada característica das narrativas telejornalísticas sobre feminicídio acaba por construir uma nova subjetividade de vítima feminina ideal: aquela que salva a si mesma, com ajuda do aparato jurídico-policial. Como consequência, as produções midiáticas televisivas separam “mulheres boas” – as vítimas que se comportam do modo esperado – das “mulheres más” – aquelas que não denunciaram seu agressor ou que voltaram atrás na denúncia. Além disso, informam aos sujeitos femininos que a segunda categoria deve ser desprezada. Realiza-se, assim, um apagamento simbólico destas mulheres, o que colabora para o ciclo de comunicação da misoginia. A partir de uma compreensão do jornalismo como um lócus privilegiado de produção de saber e articulação de poder, a Análise do Discurso de inspiração foucaultiana foi a metodologia selecionada para guiar o trabalho. O arcabouço teórico da discussão, por sua vez, contempla a concepção do feminicídio como fenômeno social e político, o entendimento de Segato (2003, 2018) sobre crimes contra a mulher como atos enunciativos e a consideração do papel micropolítico exercido pelas emoções, em especial o ódio, aqui compreendido como veículo de comunicação de regras sociais que reforçam papeis de gênero. A mídia exerce importante papel neste ciclo de enunciação da aversão às mulheres, não apenas quando divulga materiais evidentemente
ofensivos e sexistas, mas também quando falha em garantir às vítimas o direito de se verem livres da violência simbólica.
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JULIANA TILLMANN CAMARA RIBEIRO
Gabri-e-e-la: memória, imaginação e telenovela. A construção da imaginação telenovelesca na Gabriela de 1975
Orientadora: Ana Paula Goulart Ribeiro
Resumo: Esta tese tem como tema central a telenovela Gabriela, de 1975, produzida e exibida pela Globo. Como problema de pesquisa, proponho examinar os enunciados que produzem a “imaginação telenovelesca”, categoria analítica desenvolvida ao longo da tese para fazer referência ao repertório compartilhado por realizadores e público. A tese está dividida em cinco partes. No primeiro capítulo, é apresentada a telenovela de 1975 e o contexto histórico de produção. O segundo capítulo, discute quais são os códigos e recursos audiovisuais, suas nomenclaturas, sentidos e usos nas telenovelas brasileiras. O terceiro capítulo tem como objetivo examinar a construção da imaginação telenovelesca sobre as mulheres a partir de quatro personagens femininas: Gabriela, Malvina, Jerusa e Sinhazinha. Conclui-se que elas enunciam pautas das agendas feministas dos anos 1970. O quarto capítulo tem como objetivo examinar a construção da imaginação telenovelesca sobre os negros, tanto na composição dos enunciados audiovisuais como na ausência de atores e profissionais em lugar de destaque. Conclui-se que as personagens não brancas são silenciadas. No quinto e último capítulo, investiga-se a relação da memória com a imaginação telenovelesca.
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LUANA BULCÃO
Do Caos à Crise: o vocabulário de crise na reforma urbana do Mercado São José
Orientadora: Raquel Paiva de Araujo Soares
Resumo: A presente tese propõe-se a discorrer sobre os discursos (de crise) empreendidos nos processos de reforma urbana, especificamente no caso do Mercado São José (MSJ) em Recife. Esse mercado recifense em 2019 passou por um processo de reordenamento do comércio informal, com a remoção dos camelôs de seus arredores e posterior transferência para um anexo no Cais de Santa Rita. Em 2022, a prefeitura anunciou a restauração do MSJ como exemplo de uma política de “revitalização” do centro. Essa pesquisa, então, orienta-se a partir da hipótese de que existiria um vocabulário global da reforma urbana e que seria um vocabulário de crise. Com objetivo de refutar ou comprovar essa hipótese produziu-se um método cuja finalidade era mensurar as caracterizações presentes nos discursos da mídia pernambucana (representadas pelo Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco) e do Camden New Journal, jornal de bairro londrino. Esse vocabulário se apresentaria, dessa forma, a partir de associações à negativas/pejorativas ao espaço alvo da especulação imobiliária, transformando-os, ao mesmo tempo, em problema e oportunidade de negócios. Com propósito de atestar o padrão global, foram analisados o Mercado São José, em Recife e o Buck Street Market, em Londres. Isso possibilitou também traçar paralelos entre as duas realidades de lugares opostos do globo. Trabalhou-se também com o método autoetnográfico como ferramenta de descrição densa do MSJ e Buck Street Market. Esse trabalho, na tentativa de versar sobre o abismo teórico entre a produção de teorias urbanas no Norte e sua aplicação no Sul Global, apoia-se em epistemologias do sul e pensamentos pós-coloniais. No sentido de fomentar alternativas à forma contemporânea de se planejar e construir cidades, propõe-se uma abordagem comunicacional comunitária para a teoria urbana, ancorada nos preceitos básicos da comunicação comunitária como comunidade, participação, educação e cidadania. O trabalho, portanto, tem como objetivo esboçar a arquitetura e o urbanismo como disciplinas ao serviço do capital, que difundem e reforçam lógicas hegemônicas; discutir as fronteiras entre formalidade e informalidade, ou modos de informalidade; propor outras epistemologias para outras materialidades do pensamento urbano, delineando uma abordagem comunicacional comunitária.
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LUANA MENEGUELLI BONONE
Produção de Sentido e Mediações: estudo de ficção seriada brasileira no contexto da política para o audiovisual estabelecida pela Lei 12.485/2011
Orientador: Marcos Dantas
Resumo: A chegada da TV por assinatura no Brasil abriu possibilidades à indústria audiovisual. Dentre as regulamentações, destaca-se a lei 12.485/2011, pela defesa do conteúdo nacional, considerando que a disputa por audiência é também uma disputa entre nações (TURNER, 1997). O objetivo desta pesquisa é identificar mediações produzidas na relação entre público e programação da série nacional Unidade Básica, transmitida no Universal Channel a fim de atender às cotas de programação nacional estabelecidas pela lei 12.485/2011, e estabelecer a relação das mediações produzidas com as mudanças observadas entre a primeira e a segunda temporadas da série. Como desdobramento, tal estudo chama atenção para a importância de políticas de conteúdo nacional em diferentes mídias – considerando o grau de convergência e os novos modelos de negócio a partir do Vídeo por Demanda (VoD). Como trabalhamos com audiência, é importante compreender como se formam as preferências dos sujeitos, para tanto debate-se o papel da cultura de massa, da indústria cultural (ADORNO, 1986; BOLAÑO, 2000; BOLAÑO, 1986; MARTÍN-BARBERO, 2015; HESMOLDHALGH, 2002; ZUIN, 2001) e dos meios de comunicação na formação do gosto (BOURDIEU, 2007; SCHNEIDER, 2011; 2015; LIPOVETSKY, 2009; JAMESON, 1995; JAMBEIRO; BOLAÑO; BRITTOS, 2004), assim como na construção do sujeito para o consumo (HARVEY, 2008; CANCLINI, 2010; BAUMAN, 1998; 2008), tendo como pano de fundo a sociedade do espetáculo (DEBORD, 2017; JAPPE, 1999; 2006), essencial ao entendimento das relações sociais e da própria formação da subjetividade engendrada pelas transformações no modo de produção capitalista. Amalgamando o conjunto desta discussão, debatemos, ainda, o conceito de mediação (MARTÍN-BARBERO, 2015; WILDEN, 2001; WILLIAMS, 1979; 2016; THOMPSON, 1981; 1987; 2001; MARTINS, 2018; 2019a; 2019b; SIGNATES, 2003; MARTINS, 2019; SERRANO, 2008), avançando para a discussão dos mapas das mediações de Martín-Barbero (OROZCO, 1994; RONSINI, 2010; RINCÓN; JACKS; SCHMITZ; WOTTRICH, 2019) e trabalhamos a partir do protocolo elaborado por Lopes, Borelli e Resende (2002) e atualizado por Tissiana Nogueira Pereira (2020), adaptando-o aos nossos objetivos de pesquisa, para construir os caminhos empíricos do desenvolvimento desta investigação. Abrimos, ainda, uma discussão sobre a teoria do valor e a inserção da presente pesquisa no campo da Economia Política da Comunicação e da Cultura (MARX, 2011; 2013; ECO, 1974; 1970; DANTAS, 2018; SMYTHE, 1977). Realizado o debate teórico-metodológico, debatemos os impactos da lei 12.485/2011 no mercado audiovisual brasileiro e realizamos análise da série a partir de Umberto Eco (1970), que somamos ao conteúdo das entrevistas realizadas. Os resultados indicam que as mediações produzidas entre os polos de produção e audiência contribuíram para as mudanças observadas entre a primeira e a segunda temporadas da série; que houve desenvolvimento do mercado audiovisual brasileiro a partir da implementação da política pública para o audiovisual estabelecida pela lei 12.485/2011; e que há elementos indicativos de mudanças de comportamento da audiência em curso, que podem caracterizar uma cultura das séries.
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LYANA GUIMARÃES MARTINS
A Incerteza como Método: o cinema experiencial de Peter Mettler
Orientador: Antonio Pacca Fatorelli
Resumo: Essa pesquisa é uma investigação sobre um fazer cinematográfico que insere tanto o realizador quanto o espectador em um fluxo de pensamentos e sensações. Para tanto, parte-se do trabalho do cineasta suíço-canadense Peter Mettler, no qual é possível identificar um envolvimento complexo do espectador com o filme, uma imersão da ordem da abstração, que o transporta a um espaço-tempo virtual. Através da seleção de quatro títulos da sua cinematografia, procura-se refletir sobre seus modos de produção, especialmente as relações construídas entre as imagens, sons, palavras e pensamentos durante a montagem e a filmagem. Há nos filmes de Mettler um diálogo intenso entre esses elementos, em um jogo de associações mútuas, gerando filmes marcados por um fluxo contínuo e por subjetividades evidentes, naquilo que certa crítica cinematográfica chama de filme ensaio, ou o que o próprio Mettler chama de cinema experiencial. Nesse modo de fazer cinema, há uma implicação do autor a todo momento, o que demanda uma posição de abertura e disponibilidade, semelhante ao trabalho do cartógrafo, como descrito por Virgínia Kastrup. Trata-se de uma forma de realização que envolve uma grande curiosidade pelo mundo, em uma busca pelo wonder, e que é caracterizada por uma recusa das certezas, dos automatismos, dos regimes de controle e de eficiência, levando a um elogio da experimentação, da associação e da improvisação. Uma forma livre de filmar, que toma a incerteza como base, mas que requer uma percepção sintonizada e uma atenção flutuante, que fazem parte dos princípios do default mode off, o lema de trabalho de Mettler. Assim, além de uma reflexão teórica com os filmes, e de uma conversa com trabalhos de outros cineastas e artistas, há também uma discussão sobre os processos de realização a partir da experiência prática, tanto de Mettler, quanto da autora, durante sua passagem pela Escuela Internacional de Cine y Televisión em Cuba, onde participou de uma oficina de criação com Peter Mettler.
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MARIA DEL-VECCHIO BOGADO
A Produção do Comum e a Emergência de Gestos Politicos no Cinema Brasileiro Contemporâneo
Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: Esta tese se desdobra a partir da seguinte pergunta: de que maneira o fazer cinematográfico pode formar um campo comum de experiências inaugurais que suscitem gestos imprevistos? Essa questão impõe a necessidade de reflexão não só sobre as formas fílmicas, mas também, e sobretudo, sobre os processos de produção e seus modos de afetar os participantes e territórios neles envolvidos. Na primeira parte da tese, elaboramos uma apresentação das trajetórias e reflexões de Fernand Deligny e Lygia Clark. A partir de meados do século XX, em seus respectivos contextos históricos e de criação, ambos apresentaram propostas inovadoras de utilização de tecnologias do audiovisual para compor processos que não tinham como foco um produto final, mas a realização de uma experiência sensível que possibilitava diferentes formas de constituir elos entre os participantes, além de proporcionar modos críticos de percepção e ativação das memórias em um determinado contexto. Já na segunda parte da tese, verificamos como a pergunta central se revela produtiva para refletirmos acerca do teor político dos trabalhos brasileiros contemporâneos de Adirley Queirós, Lincoln Péricles e do coletivo Anarca Filmes. Deslocaremos o foco de análise dos filmes enquanto produtos, para sublinhar a proeminência dos processos de realização fílmica. A tese conta com a apresentação de trechos de entrevistas inéditas com os participantes dos processos de realização desses grupos feitas especialmente para a pesquisa.
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NELSON MOREIRA DA SILVA FILHO
O Dia: a transformação de um jornal (1987-1997)
Orientadora: Ana Paula Goulart Ribeiro
Resumo: Esta pesquisa trata do processo de transformação empresarial, industrial, editorial e gráfico pelo qual passou o jornal fluminense O Dia a partir de 1987. Nesse contexto, o diário abandonou o modelo sensacionalista ou de sensações, conhecido como estilo “espremendo sai sangue”, e adotou um modelo definido por seu dono, Ary de Carvalho, como de jornal popular qualificado. Até 1983, O Dia tinha sido propriedade do ex-governador Chagas Freitas que, além de explorar o sensacionalismo, usava o periódico como veículo de sua máquina política clientelista. Quando Ary de Carvalho adquiriu O Dia, o jornal já era líder de venda em bancas. Mas o empresário estava convencido de que era possível aumentar os lucros ao fazer jornalismo de qualidade que, sem abrir mão do seu público cativo, pudesse conquistar novos compradores e também atrair os anunciantes que resistiam a associar sua marca ao que O Dia representava. Com isso, Carvalho iniciou uma série de investimentos que atingiram todos os setores da empresa, da burocracia administrativas à impressão, passando pela contratação de profissionais respeitados no mercado de meios de comunicação, colunistas renomados, a informatização total do processo de produção e compra de impressoras modernas que fizeram O Dia ter, no início dos anos 1990, o parque gráfico mais atualizado do Brasil. Ao mesmo tempo, foi feita reformulação radical da linha editorial, abandonando o modelo anterior e adotando um que buscava a proximidade maior com seus leitores e dando ao material jornalístico o mesmo tratamento considerado sério que era dado nos chamados jornais para a elite. Além disso, houve investimento em séries de reportagens que buscavam e conquistaram prêmios e deram legitimidade a O Dia. Foram feitos também pesados gastos em campanhas de publicidade e marketing para reposicionar a marca. Esse trabalho integrado teve resultados rápidos e, antes do prazo previsto, o investimento foi recuperado. O Dia passou ser respeitado como veículo de qualidade e atingiu recordes de venda de exemplares. E, talvez o mais importante, criou uma nova maneira de se fazer jornal popular.
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ANDRÉA ALMEIDA DE MOURA ESTEVES
A Potência Comunicacional do Carnaval de Rua Cariioca: um olhar sobre o protagonismo feminino e o ativismo feminista
Orientador: Micael Maiolino Herschmann
ERIKA TAMBKE
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MARCELA CHAVES BARINO DO VALLE
Imagens Sitiadas: a fotografia e a poética da resistência
Orientador: Maurício Lissovsky
Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso - Histórico
REVISTA ECO-PÓS
v. 26 n. 02 (2023)
Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade
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De segunda a sexta-feira, das 11h às 15h.
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