Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso
 
 
 
// TESES E DISSERTAÇÕES
DISSERTAÇÕES DE MESTRADO // DISSERTAÇÕES EM 2025 - Em Construção
CARLOS EDUARDO PEREIRA FREITAS
Policiais em Levante: representações sociais construídas por jornalistas cearenses sobre o motim da Polícia Militar do Ceará de 2020
Orientadora: Isabel Siqueira Travancas
Resumo: Esta pesquisa se organiza a partir da intersecção entre comunicação, psicologia social e segurança pública. O objetivo principal deste estudo é observar como se constrói, a partir dos (as) jornalistas atuantes na cobertura do motim da Polícia Militar do Ceará de 2020, o sistema de representações sociais sobre esse acontecimento. Para isto, foram necessários dois movimentos metodológicos. O primeiro foi a realização de entrevistas com um roteiro semiestruturado e semiaberto com sete jornalistas que trabalharam nos jornais O Povo e Diário do Nordeste durante a cobertura do motim. O segundo foi a análise de 56 conteúdos jornalísticos – entre notícias, reportagens e artigos – publicados nos dois veículos entre os dias 19 de fevereiro e 1o de março de 2020. Na primeira parte da pesquisa, apresento uma análise teórica sobre a transversalidade do estudo, considerando aspectos de contato entre a representação social e a comunicação; é a partir daqui que considero a existência de um mundo laboral e sugiro influências dos mundos social e individual alinhados aos perfis dos (as) jornalistas entrevistados (as). Na segunda parte, faço uma genealogia da polícia e dos motins a fim de encontrar na história e nas memórias pessoais uma ancoragem capaz de vincular a representação social construída a aspectos anteriores ao motim de 2020. Na terceira parte, busco, de forma mais pormenorizada, encontrar repercussões do mundo individual nas representações construídas, retomando histórias também anteriores ao motim que tenham causado alguma influência na construção realizada por jornalistas. Por fim, concluo que as representações sociais foram construídas tendo como base as histórias de vida e experiências pessoais dos (as) profissionais, a cultura jornalística e as relações de poder que permeiam as redações.
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GABRIEL MONTEIRO OTAVIANO CERQUEIRA
Guerras de Mentira: a doutrina de operações de informação e de operações psicológicas no Exército Brasileiro de 1999 até 2024
Orientador: Henrique Antoun
Resumo: Este trabalho realiza uma análise dos conteúdos de dois manuais de campanha do Exército Brasileiro: o de operações de informação e o de operações psicológicas. Para tanto, os seguintes procedimentos foram adotados. Foi realizada uma análise dos artigos publicados a esse respeito nas revistas do Exército, o que cobriu um período que vai de 2008 até 2024. A seguir, foi feita a análise dos conteúdos dos manuais. Finalmente, buscou-se recuar destes para os seus antecedentes teóricos. As principais conclusões alcançadas apontam para a necessidade de uma maior independência do pensamento militar brasileiro em relação a outros países e para definições doutrinárias que estabeleçam de maneira mais clara limites para as ações militares, em especial no que diz respeito ao emprego de técnicas que visam o controle da opinião pública.
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GIOVANA BRAGA KEBIAN
Como a Gente Convive com Isso? Efeitos da violência na vida de mulheres jornalistas
Orientador: Igor Sacramento
Resumo: Em um contexto de descredibilização do jornalismo, aumento da desinformação e do discurso de ódio nas redes sociais digitais, ataques diretos e personalizados a jornalistas e comunicadores/as tiveram expressivo aumento na última década no Brasil, em especial a partir de 2019. Neste cenário, destaca-se o panorama que se colocou sobre as mulheres jornalistas. Além de se tornarem alvos por conta da profissão, elas são frequentemente vítimas de ataques machistas e misóginos, que atingem sua moral, corpo e aparência, e que, por vezes, se interseccionam com outros tipos de violência, como o racismo e a transfobia. Ao lidarem com as agressões, muitas vezes, não conseguem mecanismos suficientes para garantir sua segurança, seus relatos são desacreditados e/ou diminuídos e passam a temer que a violência se estenda a seus filhos e familiares. Passados dois anos do período quando o Brasil registrou recorde de agressões a jornalistas, entre 2019 a 2022, muitas das profissionais permanecem afetadas pelas sequelas das violências que as acometeram e cujos efeitos perduram a posteriori, sugerindo, inclusive, alterações de condutas nas suas práticas jornalísticas. Neste trabalho, partimos da discussão sobre memória, trauma e gênero para compreender como as agressões, ataques e ameaças que mulheres jornalistas receberam em decorrência do exercício da profissão promoveram marcas em suas vidas pessoais e profissionais. Conduzimos entrevistas individuais com oito jornalistas brasileiras que sofreram algum tipo de violência entre 2019 e 2023, de acordo com os registros da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj). Orientada pela abordagem da história oral, a presente investigação estabelece um diálogo entre os relatos colhidos nas entrevistas, o processo de rememoração dos eventos traumáticos pelas vítimas e os efeitos da violência a nível privado e na produção jornalística. Lançamos a hipótese de que os traumas causados pelas agressões promovem alterações no ethos jornalístico. Um deles diz respeito à restrição discursiva que as próprias mulheres impõem a si mesmas como consequência dos episódios traumáticos de violência que vivenciaram, fenômeno aqui denominado de autointerdição.
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HELENA STRECKER GOMES CARVALHO
“Eu Quero Que Ele me Conheça”: personalização, subjetividade e imaginários algorítmicos no Instagram e TikTok
Orientadora: Fernanda Glória Bruno
Resumo: Em um cenário digital no qual o modelo da personalização algorítmica se torna cada vez mais hegemônico, algoritmos são crescentemente exaltados como entidades mágicas capazes de “nos conhecer melhor do que nós mesmos”. Tomando como objeto privilegiado os aplicativos Instagram e TikTok, esta pesquisa investiga como as pessoas se relacionam com estes sistemas que buscam “conhecê-las”, adotando uma metodologia qualitativa baseada em 20 entrevistas com usuários regulares de ambas as plataformas. A escolha por estudar os dois aplicativos reflete um contexto de transformação do ecossistema digital, no qual redes tradicionalmente sociais têm perdido espaço para redes algoritmocêntricas, cuja navegação é explicitamente orientada em torno do algoritmo. Em diálogo com autores dos estudos críticos de algoritmos, o trabalho se ancorou em dois conceitos centrais: imaginários algorítmicos (Bucher, 2017), que aponta para como usuários imaginam, percebem e se relacionam com os sistemas no cotidiano, e identidades algorítmicas (Chenney-Lippold, 2017), que se refere a como os sujeitos são interpretados e tornados inteligíveis a partir de dados e análises estatísticas. A partir desses conceitos, a pesquisa explorou três dimensões dessa relação: como os usuários veem os algoritmos, como são vistos por eles e como passam a ver a si mesmos a partir desse encontro. Com base no material das entrevistas, nosso esforço consistiu em trazer para o primeiro plano as experiências, percepções e imaginações elaboradas pelos próprios usuários sobre os sistemas de recomendação. Dentre os achados da pesquisa, notamos como as pessoas reconhecem a presença dos algoritmos, desenvolvem teorizações próprias sobre seu funcionamento, “treinam” o sistema para que ele as conheça ainda melhor e constroem laços afetivos – e até relações íntimas – com ele. Como evidencia a frase que dá título ao trabalho, alguns usuários inclusive desejam ser conhecidos pelo algoritmo. Dessa forma, a pesquisa defende dois argumentos centrais. Primeiro, que os usuários não são meros receptores passivos das recomendações algorítmicas; eles percebem, interpretam, negociam e co-produzem suas relações com os algoritmos, exercendo uma agência fluida (Siles; Gómez-Crus; Ricaurte, 2023). Segundo, que os algoritmos não apenas reivindicam a capacidade de entender os sujeitos, mas também os transformam de maneira performativa, suscitando interesses e modos de ser. Assim, em um looping recursivo que se retroalimenta, tanto as recomendações algorítmicas se ajustam a partir das interações humanas, quanto os próprios sujeitos se transformam ao se relacionar com esses sistemas.
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NATHALIA MATTOS WERNECK
A Relação Entre Ato Fotográfico, Afeto e Encruzilhada na Fotografia do Terreiro Pai João da Bahia, no Rio de Janeiro
Orientador: Edilson Sandro Pereira
Resumo: O estudo analisou a relação entre fotografia, prática fotográfica e as afetações no contexto do Terreiro Pai João da Bahia, em Sepetiba, Rio de Janeiro. A pesquisa partiu de uma abordagem antropológica, fundamentada na vivência imersiva da autora no terreiro entre 2016 e 2019. Utilizando relatos de experiência, diários de campo e produção fotográfica, o trabalho explorou como a fotografia transcende o registro visual, tornando-se uma prática relacional e afetiva. A metodologia incluiu a técnica da curadoria compartilhada, em que médiuns interpretaram fotografias de rituais de Umbanda, revelando novos significados e dimensões simbólicas. O estudo investigou as tensões entre o uso público e privado da fotografia no terreiro, destacando restrições impostas por respeito ao sagrado e ao controle sobre a memória visual da religião. A prática fotográfica foi apresentada como um espaço de interseção entre diferentes temporalidades, memórias e afetos, funcionando como uma “encruzilhada” de significados. Além disso, discutiu-se o impacto das imagens na preservação das tradições umbandistas e na articulação de narrativas de pertencimento. O trabalho revelou como fotografia e religião dialogam profundamente, ampliando os horizontes da imagem como forma de escuta, cocriação e conexão entre o visível e o invisível.
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TIAGO PEDRO DE ARAÚJO PEREIRA
Representação, Fotografia e a Formação do Outro: o caso do massacre do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
Orientadora: Liv Rebecca Sovik
Resumo: Essa dissertação aborda o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, uma comunidade que existiu no Cariri cearense, nas primeiras décadas do século XX, a partir do trauma e da sua representação. Em contribuição às pesquisas sobre o Caldeirão, fizemos uma análise das poucas fotografias que restaram do evento, feitas em sua maioria por quem perpetrou a violência. Partimos da seguinte indagação: como as imagens fotográficas contam essa história, quando não se tem mais acesso às pessoas que a viveram? São os sinais dos imaginários que o cercam. Utilizamos como metodologia as abordagens teórico-críticas de autores como Ariella Azoulay (2024), no que se refere à potencialidade da fotografia, e Didi-Huberman (2020), em seus estudos acerca do irrepresentável em episódios de violência extrema. O irrepresentável também é abordado pela compreensão do escritor Primo Levi (1989), na qual afirma que os sobreviventes testemunharam “por delegação”, no lugar dos que morreram. Nos embasamos também nos estudos dos historiadores Rui Facó (1963), Ralph Della Cava (1985), Regis Lopes (1991, 2011), Domingos Cordeiro (2004) e Cláudio Aguiar (2005), assim como os documentos da oralidade popular que mantém esse evento vivo através dos cordéis, das esculturas e das xilogravuras. As imagens oferecem uma oportunidade de recontar essa história, pois potencializam novos olhares sobre a história (Azoulay, 2024) e chegam mais próximo ao problema de a violência ser irrepresentável (Didi-Huberman, 2020) do que os textos. A partir de novas perspectivas geradas pela leitura das imagens, é possível reimaginar o passado e abrir caminhos para a elaboração do trauma, como a reparação histórica, deslocando o relato oficial de seu lugar de poder estabelecido (Foucault, 2005) de modo a estabelecer o protagonismo da narrativa a quem sofreu a violência. Como resultado da pesquisa, elaboramos um entendimento sobre esses imaginários.
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Miranda Perozini Barbosa
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Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso - Histórico
REVISTA ECO-PÓS
v. 27 n. 04 (2024)
O livro hoje: leitura e diversidade
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